A Sacralização e a Dessacralização
- WR Express
- 19 de jan.
- 3 min de leitura
Por: Ìyáloriṣá Élida Ti Ọya

✅ 19/01/2025 | 06:19
Muito se fala sobre iniciação, a sacralização no candomblé e sua importância, mas pouco se fala da grande importância que é a dessacralização, na morte.
A sacralização e a dessacralização são conceitos centrais no Candomblé, uma religião afro-brasileira que valoriza profundamente as práticas e os rituais que conectam os praticantes às suas ancestralidades e divindades. A sacralização, nesse contexto, envolve a atribuição de santidade e respeito a determinados espaços, objetos e práticas, enquanto a dessacralização se refere ao processo de liberar esses elementos de sua carga sagrada, permitindo uma abordagem mais cotidiana ou secular.
Importância da Sacralização e Dessacralização
A sacralização é crucial porque estabelece um espaço sagrado onde as energias dos orixás e dos ancestrais são invocadas. Essa conexão é vital para a manutenção da identidade cultural e espiritual dos praticantes, proporcionando um sentido de pertencimento e continuidade. Por outro lado, a dessacralização permite que os praticantes integrem suas crenças e rituais no cotidiano, proporcionando uma relação mais flexível e adaptável à vida moderna.
Os prejuízos em não realizar as Ritualísticas Fúnebres
As ritualísticas fúnebres no Candomblé são fundamentais para honrar os mortos e garantir que suas almas encontrem descanso e proteção. Realizar esses rituais de maneira inadequada, ou não realizá-los, pode resultar em sérios prejuízos tanto para os espíritos dos falecidos quanto para os membros da comunidade e familiares. A falta dos rituais pode levar à desarmonia e ao desequilíbrio espiritual, deixando os mortos sem a devida proteção e os vivos expostos a energias negativas. Além disso, isso pode causar um sofrimento emocional profundo nos familiares, que podem se sentir culpados ou atormentados pela ausência das devidas homenagens.
Culto à Ancestralidade
O culto à ancestralidade no Candomblé é uma prática de suma importância, pois ajuda a manter viva a memória dos que vieram antes. Através dessa prática, os indivíduos reconhecem suas raízes, acolhem a história de suas famílias e reforçam a ideia de que a vida e a morte são ciclos interligados. Este culto não só homenageia os ancestrais, mas também permite que suas sabedorias e ensinamentos sejam transmitidos às novas gerações. É um meio de garantir que as tradições e o legado cultural não sejam esquecidos, promovendo uma conexão intergeracional que é essencial para a identidade coletiva.
Comunicação dos Rituais Fúnebres aos Familiares
Comunicar aos familiares sobre os rituais fúnebres é de extrema importância. Essa comunicação não só prepara cada um para o processo de luto, mas também os envolve nas práticas que ajudam a trazer conforto e entendimento durante um momento difícil. Ao informar os familiares sobre o que será realizado e o significado dos rituais, cria-se um espaço de acolhimento e compreensão, permitindo que todos participem de maneira respeitosa e significativa. Isso fortalece os laços familiares e a comunidade, reafirmando a ideia de que o luto é um processo coletivo e que a memória dos que partiram deve ser celebrada e honrada em conjunto.
Em resumo, a sacralização e a dessacralização no Candomblé possuem papéis fundamentais na vida espiritual e cultural dos praticantes. As ritualísticas fúnebres e o culto à ancestralidade são essenciais não apenas para honrar os falecidos, mas também para fortalecer a identidade e a continuidade das tradições dentro da comunidade. A comunicação aberta sobre esses rituais é primordial para que todos os envolvidos possam participar deste processo sagrado de forma respeitosa e significativa.
No candomblé, as ritualísticas e cultos pós-morte são de grande importância, pois refletem a continuidade da vida espiritual do indivíduo e a conexão com os ancestrais. A visão de mundo dos praticantes vê a morte não como um fim, mas como uma transição para outra fase da existência.
No Candomblé existe culto após a morte essa conexão não morre jamais.
Salve a nossa Ancestralidade.
Foto: Ìyàwó Saela Ti Lógún Èdè | Ofá Tunji | Ilẹ̀ Alákétu Àṣẹ Aìyè Afẹ́fẹ́
Fotografia: Ògá Léo de Oxaguian

Ìyáloriṣá Élida Ti Ọya
Sacerdotisa do Àṣẹ Alákétu Aìyè Afẹ́fẹ́, onde promove os valores, cultos e saberes ancestrais das tradições afro-brasileiras. Com uma trajetória dedicada à cultura e à religiosidade de matriz africana, ela atua como Coordenadora de Comunicação da confraria Oloyá’s e ocupa o cargo de Coordenadora Geral do evento Awo, onde contribui para a valorização e visibilidade das práticas religiosas no espaço público. Além disso, Ìyáloriṣá Élida é assessora do projeto Melodias de Terreiro, uma iniciativa voltada para a preservação do povo de terreiro. Escritora e acadêmica da APALARJ (Academia Pan-americana de Letras e Arte do Rio de Janeiro). [+ informações de Ìyáloriṣá Élida Ti Ọya]
Contatos de Ìyáloriṣá Élida Ti Ọya
Whatsapp: (21) 972517565
Artigo de Opinião: texto em que o(a) autor(a) apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretações de fatos, dados e vivências. ** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do AxéNews. |
Comments