Por: Pai Ortiz Belo
30/06/2024 | 16:07
Quando falamos de religiões entramos em um campo dos mais enigmáticos existentes na esfera humana, pensamentos, guerras, motivação, fé, amor e ódio. O ser humano desde os primórdios da sua existência tem se deparado com fenômenos espirituais diversos. Tais fenômenos oriundos de milhares de partes do mundo, sempre foram observados por pessoas dotadas de curiosidade ou mesmo possuidores de sensibilidades espirituais. Observando com olhar crítico, vejo que as religiões, em sua maioria, se fecham em seu universo, condenando quem está fora dele.
Mas quem iniciou tudo isto? Tendo em vista que tudo possui um princípio, sendo bem sensato, este início tem, teve e terá as mãos dos homens! Sem adentrar ainda na mística espiritual, homens que em suas épocas decifraram códigos, entraram dentro de suas próprias percepções e deram um tom humano. Sim é fato que homens sem nenhum recurso intelectual promoveram verdadeiras revoluções com textos incríveis, mas ainda o olhar sobre este homem, sobre o modo de vida de um povo, com suas particularidades regionais devem sempre ser levadas em conta.
Costumes antigos sempre influenciaram a dinâmica interpretativa, seja do que for, sendo assim, por mais sábio, por mais elevado, por mais integro, sejam estes homens, não deixam de ser homens. Esta primeira vista nos traz à tona reflexões da análise do bom senso, da racionalidade que deve ser sempre lançada diante de fatos históricos que conduziram e conduzem seres humanos na terra. Lógico, não nos esqueçamos dos céticos, dos ateus e agnósticos, estes surgem na Grécia antiga juntamente com a filosofia, entendendo que grandes filósofos beberam da fonte do saber na África e no Oriente.
A filosofia tem como uma de suas colunas básicas o autoconhecimento, a racionalidade, que ao meu ver vem de encontro com o modelo de Umbanda que prático. Sequentemente a todos estes fatores chegamos na fé! A fé pela fé, sem a racionalidade se torna perigosa, pessoas são manipuladas, a espiritualidade toma tons sombrios e sem nexo em relação a própria evolução humana. Entrando no fator das religiões dominantes acabamos de perceber, muitos seres humanos não pensam! Fato este que, embora a cultura seja a grande mola propulsora, pessoas matam e morrem por uma ideologia que de bom, de divino, racionalmente não encontramos. Pessoas aprisionadas em textos feitos por homens, que mesmo que estiveram em contato com o sagrado, inspirados, ficou e fica, a marcar da condução arcaica de uma sociedade doente. Meu pensamento, o Divino abraça a todos, o Sagrado entende todas as culturas e formas claras de evolução, se o Divino e o Sagrado assim não estiverem neste patamar, então não existem.
Aonde encontro inevitável conclusão, tais argumentos de religiões abraâmicas não passam de mera manipulação, sem que haja um fundo de verdadeiro poder, seja Divino ou Sagrado. Palavras estas que estão para o Todo, pois ambas as palavras podem ser interpretadas de acordo com a idiossincrasia peculiar de cada indivíduo. As palavras Deus, Criador, Olodumarê, Olorum, Zambi, entre outros termos que se arremetem ao mesmo entendimento, são utilizados muitas vezes, ao meu ver, de maneira vã. As expressões, embora poderosas, lindas de serem ouvidas, são pronunciadas em grande parte do tempo dentro de concepções, individuais e até coletivas, sem a autoridade e inteligência que lhe é devida.
Tendo em vista que a espiritualidade Divina e Sagrada, seja apontada do mais Alto teor de Poder e Elevação, que entende-se que tudo, absolutamente tudo, está sobre a égide de tais forças que protagonizam a própria existência em seu mais alto nível de compreensão do universo. Não cabe separar, se assim o for, e é, as palavras são só falácias de manipulação mental diante da mediocridade humana. Com poucas palavras vou resumir, a Umbanda é uma síntese, entende e compreende todos os seguimentos espirituais e espiritualistas como caminhos ao Alto. Portanto é, ao meu ver, o entendimento religioso mais próximo do sensato. Embora existam ainda alguns, que erroneamente, manipulam a própria espiritualidade de Umbanda, como um bem pessoal. Sendo que que ela, possui em seu formato, o Todo. Esta descrição acima digo assim, é uma interpretação dentro de “uma” doutrina, que enxerga e possui mecanismos de entendimento da Criação, das Divindades, dos guias de direita e esquerda de maneira ímpar. Interpretação esta que, quando os médiuns descobrirem, um universo de possibilidades se abrirá diante de seus olhos! O Poder está nas mãos dos médiuns pelo mundo, independe de maneira religiosa, mais estes em seu despertar, serão poderosas ferramentas de mudança do progresso humano.
Saúdo com esta descrição de Poder assim! Salve o Alto, o Embaixo, a Direita e a Esquerda! O Universo Criador nos dotou de inteligência, porém, tais fatores, podados por manipulação enraizado na cultura que não só influenciou, mas interferiu e interfere até os dias de hoje. Para ser um que leva a luz, este não pode ter inimigos, mesmo que eles podem tê-lo como tal, não os tenha, assim é o caminho dentro das esferas mais elevadas da espiritualidade.
Pai Ortiz Belo
Escritor umbandista e espiritualista. Dirigente espiritual do Templo Portais de Umbanda desde 1997. Nasceu em berço religioso de Umbanda, consagrado pai pequeno aos 19 anos e dirigente aos 26. Filho de pai Xangô e mãe Oxum, sempre procurou fazer pela religião desde jovem, participando de momentos valiosos para a Umbanda. [+ informações do Pai Ortiz Belo]
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