Por: Mãe Kátia
19/03/2024 | 18:21
Esta frase do Caboclo das Sete Encruzilhadas – fundador espiritual da Umbanda em 1908 – nos convida a refletir sobre a seriedade que é a nossa religião
Vejo muitas pessoas pronunciarem que adorariam fazer parte de uma corrente mediúnica, sempre com o discurso de: arrepiar ao som do atabaque; necessidade de fazer o bem; manifestações espirituais; emoção exacerbada; sentimento de convocação etc.
Efetivamente, tudo isso é formidável para quem quer iniciar, são indícios e situações de empatia com os trabalhos umbandistas, tal como, o chamamento para o crescimento espiritual, a busca de valores transcendentais e o desenvolvimento pessoal. Mas, infelizmente, a minoria sabe colher estes frutos profundamente, por isso muitos entram, no entanto poucos perseveram.
Ao ingressar em um Templo sério, constatam que, a austeridade e dedicação, os aproximam da responsabilidade, sempre chamando ao comprometimento valoroso com a espiritualidade.
A palavra comprometimento surge muito forte na vida do médium, pois denota o engajamento, agregamento e envolvimento com sua mediunidade e trabalhos espirituais.
O bom médium é aquele que trabalha e tem consciência da importância de desenvolver seu Ori como um ser trino (corpo, mente e espírito).
Através dos estudos e vivências dentro de uma corrente mediúnica, ele buscará, por meio da dedicação e disponibilidade, o adiantamento psíquico, a fim de transmutar e agregar valores em riquezas relevantes ao seu adiantamento imaterial.
Costumo dizer que o médium passa por três degraus dentro no seu exercício mediúnico.
1ª Empolgação: Este momento é quando o neófito entra para a corrente de trabalhadores da Casa de axé, o “famoso” vestir o branco. Ele vive o deslumbramento. Tudo é lindo: os pontos, bater cabeça, cambonar, a dinâmica do Templo, os irmãos, o sacerdote etc. Fica anestesiado pela magia que envolve e encanta.
2º Rotina: Este é o segundo momento do médium. Depois de passar pela fase da euforia ele percebe que os dias são costumeiros. O horário de chegada é o mesmo, veste o branco, começa a adquirir mais responsabilidades, realiza os estudos, as dedicações, e assim por diante, ou seja, continua trabalhando com alegria, porém, é nessa fase que o médium pode se perder, porque aqui ele encontrará os desafios para manter-se firme na sua escolha, seja na vida fora do templo ou dentro do templo.
3º Sacrifício: Quer dizer Sacro Oficio, é quando o médium faz desse exercício um ato sagrado. É a manifestação do amor por meio de sua consagração ao comprometimento com os Orixás e Entidades. É a doação constante de benevolência e vida. Aqui encontramos os frutos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas quis enunciar. Quão poucos chegam até aqui.
Para alcançar o terceiro estágio são indispensáveis algumas virtudes, como: a humildade, a disciplina e a paciência.
A humildade é o que vai garantir a melhor terra para fertilizar as sementes lançadas, para que tenha êxito na germinação e não abriguem parasitas destrutivos emocionais que danifiquem o início e a continuidade dessa jornada.
A disciplina faz o papel de tolher, limpar, lixar e cortar as arestas desnecessárias – melindres, vaidades e etc – uma vez que sem ela não faz reluzir no Espirito as Leis Divinas. A disciplina é companheira assídua do médium e par perfeito com a humildade.
A paciência é o que dará o autocontrole emocional para suportar com tolerância as adversidades nas relações e contemplar a grandiosidade do sagrado trabalhado e vivido.
Sendo assim, entendemos que para alcançar estes frutos é necessário a seriedade, humildade, disciplina, comprometimento e paciência, pois a Umbanda é um movimento religioso, onde resgata a essência de Elédùmarè dentro de cada filho de fé, a fim de reaproximá-lo a presença divina do Criador. Buscando nesta sintonia os laços transformadores com os planos superiores e o aumento das capacidades e habilidades individuais rumo ao progresso do ser material e imaterial.
Que os orixás nos ajudem a ter maturidade espiritual e emocional, para escrevermos uma história digna, nobre, longeva e com belos frutos.
Muito axé!
Mãe Kátia
Mãe Kátia é sacerdotisa dirigente do Templo Luz do Amor Divino, Ìyálórìṣà coroada na Umbanda e iniciada nos cultos afro-brasileiro e tradicional Yorubá. Além de ser a fundadora do Projeto Social Mensageiros do Amor, que já atendeu mais de 300 famílias proporcionando a melhoria da qualidade de vida em suas comunidades e levando dignidade, respeito e humanidade, a Ìyálórìṣá tem um grande histórico acadêmico: possui formação em psicanálise com ênfase na ciência da religião e nas relações do homem com o universo consciente e inconsciente e graduação em metafísica da saúde, cromosofia, cromologia e em cromoterapia. [+ informações de Mãe Kátia]
Redes Sociais do Mãe Kátia
Comments