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A valorização e a desvalorização da Mulher Muzombo na tradição #Kongo Azombo

Por: Tata Maganza Angelo de Katende

Foto: site Maquela do Zombo

11/06/2023 | 21:23


Tem se dito muito que a mulher Mukongo deve (por uma questão tradicional) a total obediência ao seu marido. E que este formato tradicional já vem desde os primórdios da criação do povo Kôngo ou Bakongo. Mas pra muitos, esta tradição já deveria ser vencida, porque não ajuda em nada o desenvolvimento da Mulher na sociedade Kôngo e etc. Neste caso, a submissão devia ser recíproca (entre homens e mulheres).




Pra tal pertinente tema, hoje vamos conhecer como funciona o papel da Mulher(Azombo ou Muzombo) pertencente ao grupo Etnolinguístico Kôngo.


Azombo é um subgrupo pertencente ao grupo Etnolinguístico Kôngo localizado no município do Makela a Zombo(vulgo, Makela do Zombo) na província do #Uíge em #Angola. O município é constituído pela comuna-sede, correspondente à cidade de Makela a Zombo, e pelas comunas de Beu, Kwilo Futa, Kibokolo e Sakandika. Um indivíduo pertencente ao subgrupo Azombo é chamado de Muzombo.

Os Muzombo, como também são conhecidos, preservam uma tradição milenar Mukongo ou Kôngo. Pese embora com características mui próprias e algumas até herdadas por via dos ex colonizadores. Dentro deste Universo de tradições encontramos uma antiga tradição que pra muitos deveria ser vencida porque na verdade é uma tradição cultural que não nasceu nos moldes da real cultura ancestral Kôngo.


A questão é. Como era, e como é vista a Mulher Muzombo na tradição Azombo ?


Segundo o escritor Angolano Sabactani, a Mulher Azombo tem como papel primordial nesta sociedade o de procriar.

Nascer, cuidar ou de criar dos filhos. Cuida do marido em todos os aspectos. Não tem palavra a dizer na tomada de decisão dentro da família caso não lhe dêem esta oportunidade. Talvez possa ter esse direito de opinião numa reunião ao lado de todos os membros da família (Kufulu) mas nem sempre a sua opinião é válida.


Em caso de doença morte ou outro acontecimento, ou problemas na família, a mulher não tem direito de ir transmitir a mensagem mas sim canaliza-a ao Ngudi a Nkasi ou Nfumu a Nkanda (irmão mais influente na família) ou em primeiro lugar ao chefe da família Matrilinear e depois a família patrilinear dela e este por sua vez transmite-a a todos os membros da família tradicional. Uma parte Matrilinear e Patrilinear da família do filho adoentado. Há um provérbio que diz: Mwana Nkento lambi a kombo, Kansi katananga e nkombo kô, significa A mulher cozinha a carne de cabrito mas não a pode talhar. Desta feita surge a inferioridade, a subordinação da mulher Zombo nesta sociedade.


O próprio conceito Afrikano de família Matrilinear diz tudo. Uma família Matrilinear é a raíz de uma estrutura cultural. E a cultura Kôngo ela é Matrilinear e, não Patrilinear. A linhagem Matrilinear detém o poder. Com isso quero dizer que, esta cultura de afastar a mulher do seu real lugar não nasceu nos moldes da cultura Kôngo.


A VALORIZAÇÃO DA MULHER MUZOMBO OU AZOMBO.


A mulher Azombo só é valorizada quando não existe nenhum homem membro na família patrilinear, ela, neste caso, assume a liderança de Kanda, Ndona a Kento, ou Ngudi a Kanda (Mãe chefe da família). É venerada por todos os membros e é ouvida com o máximo respeito, seguir os seus conselhos equivalem as enterrar no sulco da tradição vital da família e, por conseguinte merecer a benevolência dos Akuluntu (os mais velhos), os antepassados da Kanda. O seu papel educativo e insubstituível e a sua competência forja o prestígio dos filhos da Kanda ( família Matrilinear) e o sucesso dos mesmos na vida conjugal. A sua opinião e o conselho têm sempre um peso muito grande.


Na resolução de problemas da Kanda ( a família Matrilinear), ela não trabalha isoladamente e coadjuvada pelo filho mais velho do seu irmão ou membro mais influente na família Matrilinear, a quem ela o chama de Mwana a guta.


MULHER AZOMBO NA ACTUALIDADE.


Actualmente com os ventos da globalização e emancipação levaram a mulher Zombo a despertar-se. Vemo-las a tomar decisões na resolução de problemas no seio da família tradicional que podemos chamá-las de Ndona se maketo ena ye kinvwala vo kimpovi ( Mulheres com poderes decisivos). E, tentam as especificar no ponto de vista ético tradicional, introduzindo provérbios como se o homem tivesse a resolver o problema e acabam por conquistá-los. Neste contexto os homens acabavam por lhes facilitar, respondendo-lhe: Lulungidi wô e kanu (acabas por conquistar a causa ou as causas). No fundo elas lutaram para chegar onde estão hoje. Com isso, elas passaram a ser mais valorizadas respeitadas e até veneradas, seja do ponto de vista ético tradicional como do ponto vista social.


Fonte~ Azombo {Questões Socioculturais}



Narrativa Abrangente d& ~ João Niango Ngombo Kina / Mar Negro.





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Tata Maganza Angelo de Katende

Tata Maganza Angelo de Katende (Gejido Makoro)

Iniciado em 20/01/1954 pela Mam'etu Ndialemba Efoniry (Sra Jobina dos Santos) da MBUTU.(Nação Angola) NDANJI.(raiz) BATUGUENGUE), na INZO KASUTÉ ANGA KAIÁ, situado na época à rua Maximiliano de Figueiredo 29 - Bairro do Jacaré- RJ. Orientador espiritual de adultos e crianças. [+ informações de Tata Maganza Angelo de Katende]


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