Por: Átila Nunes
24/02/2024 | 11:52
No Brasil, o Carnaval não é apenas uma festa, é um espetáculo que transcende fronteiras, unindo pessoas de todas as partes do mundo em uma explosão única de música, dança, cores e cultura.
Neste ano, a consagração da escola de samba Unidos do Viradouro como campeã foi mais do que uma vitória. Foi uma homenagem à força da mulher negra, um tributo aos cultos africanos e à cobra sagrada vodum.
O enredo “Arroboboi Dangbé” exaltou a força das mulheres negras ao resgatar o culto à serpente, um vodum do candomblé de nação jejê. A cobra sagrada vodum é um símbolo de profundo significado nas tradições africanas, associada à sabedoria, cura, proteção e fertilidade.
A missão do desfile, segundo o carnavalesco da Viradouro, Tarcísio Zanon, foi a de desmistificar o culto aos voduns. Ao trazer à tona essa narrativa, a Viradouro não apenas exibiu sua habilidade artística e criativa, mas também reafirmou o papel vital das religiões afro-brasileiras na tapeçaria cultural e na identidade do país.
Vale lembrar que em 2022, a Grande Rio foi campeã do Carnaval com o enredo Sete chaves de Exu. A homenagem ao Orixá foi de extrema importância para desmistificar o conceito errôneo que as pessoas fazem desta entidade espiritual.
Em 2024, outras duas escolas de samba, Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense, também prestaram homenagem às tradições afro-brasileiras em seus desfiles, demonstrando o compromisso do Carnaval em reconhecer, celebrar e preservar essa rica herança cultural.
A Vila Isabel resgatou o enredo "Gbala, viagem ao templo da criação", concebido em 1993 pelo carnavalesco Oswaldo Jardim, ao som vibrante de Martinho da Vila. A narrativa, baseada na cultura Yorubá, destaca a importância dos Orixás e de Olorum, o deus dos deuses, em meio a uma reflexão sobre as adversidades humanas e a esperança que as crianças representam.
Já Imperatriz Leopoldinense, com o enredo "Com a sorte virada pra lua, segundo o testamento da cigana Esmeralda", inspirou-se na história centenária da cigana Esmeralda, escrita por Leandro Gomes de Barros. Esmeralda legou um manual detalhado sobre as artes divinatórias, explorando as múltiplas formas de interpretar o destino humano.
Essas escolas, à exemplo da Viradouro, tocaram e cativaram o público com suas apresentações, destacando a importância das manifestações afro-brasileiras na construção da identidade nacional e na promoção da diversidade e inclusão. O Carnaval não é apenas uma festa. É uma celebração da cultura e da alma brasileira, onde as tradições afro-brasileiras brilham com intensidade e reverência.
Átila Nunes
Carioca, 48 anos, casado, pai de dois filhos adolescentes, o vereador
Átila A. Nunes (PSB) é líder do governo na Câmara Municipal do Rio e está em seu terceiro mandato. Membro da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos de Matriz Africana, ele cresceu num lar de família umbandista. [+ informações de Átila Nunes]
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