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Amacis e banhos de ervas

Por: Pai Ortiz Belo

13/06/2023 | 10:32


A religião de Umbanda possui em sua base a essência das ervas, seja nos banhos

normalmente realizados dentro de um cotidiano, ou os amacis, que são elaborados de

maneiras diferentes. Os banhos de ervas entram em algumas categorias, tais como: de

descarrego, de energização, de preparo antes das sessões espirituais, para serem

tomados após os trabalhos, banhos de equilíbrio, banhos que aceleram ou

desaceleram vibrações, banhos demandatórios, etc. Os banhos de ervas normalmente

são feitos como chás, em fusão, extraindo das ervas as energias necessárias para a

finalidade que foi proposto.




Dentro da ritualística e doutrina da Umbanda Tradicional, os banhos que antecedem as sessões espirituais são fundamentais para o devido preparo do campo mediúnico do médium. A frequência energética, magnética e vibracional das ervas, permitem que o medianeiro esteja dentro dos padrões necessários para a realização da cerimônia religiosa. Lógico que o banho é uma das ações que beneficiam o aparelho mediúnico, outros aspectos já relatados em matérias anteriores, mostram que outros fundamentos são valiosos para que este médium consiga exercer em sua plenitude sua função, mas entende-se que os banhos são também os primeiros passos a serem dados. Já os amacis entram em outra categoria de utilização das ervas, as folhas, as flores e frutos, são devidamente macerados por um médium preparado para tal função, ou por zeladores. O ato de macerar encerra em tirar a seiva, os sucos da seiva são agentes vivos recebem do zelador uma atenção especial, pois deste ato saem poderosos filamentos energéticos que propiciarão preparos aos médiuns. No ato de maceração cânticos e rezas são entoados, sendo um ato de grande responsabilidade exercido dentro dos ritos de Umbanda.


Os amacis entram em diversas categorias de trabalho, para preparar um iniciante, para todo corpo mediúnico receber amaci relacionado a uma força Orixá, dentro dos ritos de

camarinha, para cura, para fixação ou abertura de vibrações dos guias espirituais. Um

amaci pode levantar uma pessoa na vida em todos os sentidos, nos rituais de esquerda

chamamos de sangue verde, aonde são macerados ervas e frutos compatíveis com as

tarefas de tronqueira. As ervas entram em tudo que é realizado nos ritos de Umbanda,

sem contar que o terreiro também recebe as ervas de lavagem vibracional, a limpeza

com ervas específicas de preparo do solo do terreiro. Logico que existem enumeras

maneiras de preparo de terreiro, desde o bater de folhas, até a erva mãe de

fundamento, que são ervas escolhidas para servirem de fundamentação vibracional do

terreiro.


Os banhos de ervas e os amacis quando utilizados com sabedoria, isto o que

quer dizer, sem a utilização de ervas irritantes, ou que não estão dentro do

fundamento do terreiro. Entendendo que, por mais que existam ervas de utilização

genérica para as diversas finalidades, o terreiro através do guia chefe e do zelador,

passa quais são as ervas que fundamentam sua casa. Em alguns estudos ou em cursos

sobre o tema as ervas são divididas em ervas quentes, mornas ou frias, embora dentro

do meu trabalho está especificidade não seja abordada, é bom relatar que funciona

dentro do estudo acadêmico sobre o tema. A utilização de ervas deve ser feito com

amplo estudo, tanto os banhos como os amacis são absorvidos pelo maior órgão do

corpo que é a pele, caindo diretamente na corrente sanguínea do indivíduo. Cabe ao

zelador ter material de estudo sobre o tema, não que os guias espirituais não saibam,

mas entendemos que eles atuam através de nosso vocabulário mental. Uma lista de

Orixás e suas respectivas ervas, direciona todos em um sentido único, vale a instrução

para que os membros da corrente nunca, em hipótese alguma busquem na internet

fundamentos sobre ervas. Nem sempre o que se encontra na vastidão de ensinos, dos

quais estes são desconexos e confusos, corresponderão aos fundamentos da casa ao

qual este médium pertence. Cabe ao zelador, pai e mãe de terreiro, orientar quais são

os banhos que correspondem à realidade do médium que está frequentando sua casa,

são todos de responsabilidade de quem tem uma casa aberta.


Ao longo do tempo, através do recebi de minha mãe de santo e de meu avô de santo, reuni informações e assim foi elaborado uma obra literária que defende os princípios que recebi no “Livro De Ouro da Umbanda”. Assim como citei o que está na internet, os vários livros

existentes sobre o tema devem passar pelo crivo do dirigente espiritual, nem tudo faz

parte da fundamentação do terreiro que o médium está frequentando. Os preparos

estão sempre dentro de uma ciência espiritual, além da ciência existente no estudo da

cura através das ervas, que são estudos milenares. Os chás também são em muitas

vezes utilizados também nos preparativos do campo vibracional do medianeiro, sendo

utilizados em momentos específicos de desenvolvimento mediúnico. Assim como os

banhos e amacis, os chás também correspondem a um tipo de preparo valioso aos

médiuns, seja para todo o corpo mediúnico, ou mesmo sendo de preparo individual

em ações específicas.


Tais ritualísticas também envolve a colheita destas ervas e frutos, de acordo com o

trabalho a ser executado o horário, bem como o período lunar são agentes valiosos

para o sucesso do preparo a ser realizado. Lógico que nem tudo possuímos plantado

em nossos quintais, mas cabe ressaltar o que é devidamente correto, nos adaptamos

as realidades de nosso cotidiano. Assim a maioria das ervas que são adquiridas devem

passar pelo processo consagratório, seja na vibração do guia chefe da casa, ou nas

vibrações de Pai Ossain ou de Pai Oxóssi. Observamos como é amplo os fundamentos

de Umbanda, sendo que em cada terreiro possui sua maneira de lidar com as

características aqui mencionadas.


Uma coisa é certa, não se faz religião em sua ritualística sem as ervas, sem os banhos e amacis, que são ferramentas utilizadas para todas as finalidades nas diversidades existentes.




Babalorixá Fabio ti Odé - AxéNews

Pai Ortiz Belo

Escritor umbandista e espiritualista. Dirigente espiritual do Templo Portais de Umbanda desde 1997. Nasceu em berço religioso de Umbanda, consagrado pai pequeno aos 19 anos e dirigente aos 26. Filho de pai Xangô e mãe Oxum, sempre procurou fazer pela religião desde jovem, participando de momentos valiosos para a Umbanda. [+ informações do Pai Ortiz Belo]


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