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As práticas de caridade em um centro de Umbanda

Por: Pai Denisson D’Angiles

02/02/2023 | 17:12


A Umbanda é uma religião de cunho assistencialista, ou seja, possui uma assistência em seus cultos, as Giras, propriamente ditas.


Na Umbanda é pautada que todos são filhos de Deus e que o Planeta Terra está em contínuo movimento de evolução, pois nada é definitivo enquanto a vida for dinâmica. Assim, como uma forma de depuração de erros passados e de se encontrar o engrandecimento espiritual, pode-se seguir o caminho da humildade, da caridade e do humanismo, contribuindo para se amenizar os sofrimentos espirituais e físicos, quando possível, sobretudo o merecimento de cada um.



Não somente os encarnados, mas também espíritos de desencarnados estão envolvidos nesta responsabilidade de ajudar aos que buscam equilíbrio, no ciclo constante onde os mais evoluídos ajudam os menos evoluídos a galgarem os degraus da evolução, do progresso.


Nesse aspecto, a Umbanda se baseia não só nos ensinamentos cristãos como também as premissas do Espiritismo de Allan Kardec, dos povos originários e dos africanos. É fato inclusive, que no Brasil, o Espiritismo assumiu, com nomes como Chico Xavier, uma forma mais assistencialista de trabalho do que a primitiva matiz científica oriunda da França. Assim como em todas as tradições de matriz africana.


A Umbanda crê nos Orixás, cuja divina função é trazer para cada um o equilíbrio vibracional, moldando vícios em virtudes, anulando más tendências e intensificando as boas qualidades.


A Assistência na Umbanda, considerando que o assistencialismo é uma das faces da religião Umbanda, chega-se a uma pergunta que embora pareça, mas não é de fácil entendimento. Como a assistência se inclui no “Culto Umbandista”?


A caridade em um terreiro de Umbanda é realizada de inúmeras formas, considerando que a caridade que se presta a espíritos desencarnados que visitam esse local a fim de encontrar conforto, orientação, paz e equilíbrio.


Por esse mesmo motivo, alguns terreiro de Umbanda em suas Giras, compreendem uma preparação especial para que sistematicamente ou eventualmente se possa receber a visita destes espíritos e se possa prestar a devida caridade a eles. E no que tange a caridade, é o que se presta aos próprios filhos de fé do terreiro. Essas pessoas, em geral médiuns (das mais variadas aptidões mediúnicas) podem encontrar no Centro, em seus irmãos, e nas figuras dos dirigentes, a orientação necessária e a força indispensável para lidar com sua espiritualidade, e direcioná-la para o bem.


Por fim, os terreiros de Umbanda também se destinam a fazer caridade a uma comunidade de pessoas que não pertence ao corpo de trabalho da casa. Nesta categoria de assistencialismo, o qual é o principal motivo deste artigo, costumam se basear a maioria das sessões de trabalho dos terreiros de Umbanda.


Colocando à parte rituais fechados (como rituais de descarrego, Giras fechadas e batismo), a grande maioria das Giras de Umbanda são abertas à comunidade. Em um lugar característico das terreiros de Umbanda, conhecido como assistência, as pessoas, que não pertencem ao corpo mediúnico, observam os cultos ritualísticos de uma sessão e se beneficiam dele.


Assim, as pessoas da assistência são defumadas, e após as incorporações dos médiuns, são convidadas a adentrar o terreiro para receberem passes e se aconselharemcom as entidades.


Uma pessoa da assistência pode receber caridade de várias formas, como: desobsessão, conselhos sobre questões materiais ou espirituais, emanações curativas, descarregos e equilíbrio dos chackas.


Outros tipos de tarefas à comunidade não relacionados estritamente com os cultos da Centro também são realizadas. Alguns terreiros de Umbanda oferecem, por exemplo, parte ou todo o seu espaço físico para realização de palestras ou cursos de interesse da comunidade. Também são realizadas campanhas de arrecadação de recursos (como alimentos e roupas). 


A Umbanda como já descrito, tem como missão difundir amor e paz. Por isso; porque essa mensagem tem que ser propagada, ela não pode ficar limitada apenas aos adeptos do culto, ou seja, ao corpo mediúnico. O amparo deve ser oferecido a todos aqueles que precisam dela, na multiplicidade da vida. Todavia há algumas questões polêmicas nas quais os terreiros de Umbanda estão envolvidas sobre a assistência, onde se integra o papel de fato, da Umbanda, na vida das pessoas que frequentam seus rituais e ao mesmo tempo, qual deve ser a postura de uma pessoa enquanto participante da assistência em um ritual de Umbanda. Estas questões, acredito, guardam íntima relação entre si.

Uma das indagações tenta perceber como as pessoas que participam de assistências de cultos de Umbanda, vêem esses cultos e a própria Umbanda. O que destes cultos e das vivências neles apreendidas, elas levam para suas vidas cotidianas? Como essas pessoas se definem em termos de religião? 


Assim como em qualquer coletividade, também em uma assistência de um terreiro de Umbanda estarão presentes pessoas com pensamentos, anseios e posturas diferentes. Mas a questão que se impõe é se é necessário que essas pessoas tenham um mínimo de conhecimento do que é a Umbanda e seus cultos. E se realmente precisam enxergar a Umbanda como religião e até mesmo como a religião delas.


Uma premissa muito importante enunciada pela Umbanda é que não se deve negar ajuda a ninguém. Assim, partindo deste princípio não se pode cobrar de uma pessoa que se ela frequente os cultos de uma casa de Umbanda, ele se declare como Umbandista.

A Umbanda ainda sofre de muitos preconceitos, e que decorrente disso muitas pessoas que frequentam cultos de Umbanda têm medo de serem rotulados pejorativamente como ‘macumbeiros’. Também pela origem multifacetada da Umbanda e também pela premissa de ajudar à todos, não se pode e nem se deve proibir a participação de irmãos oriundos de outros religiões.


Por outro lado, pode-se considerar que a falta de identificação pode causar uma falta de compromisso. Por isso é tão comum as queixas sobre pessoas da assistência que vão às sessões de Umbanda apenas para “pedir coisas materiais” mas não honrem as sessões com comportamentos condizentes com os de um Solo Sagrado, ou seja, vestem-se de maneira imprópria, conversam em momentos inoportunos, queixam-se que não conseguem realizar os pedidos, tentam furtivamente fazer escambos com as entidades, entre outras coisas.


Algumas pessoas apenas visitam um terreiro de Umbanda quando estão com problemas. Isso significa que não fazem da Umbanda uma opção religiosa constante. Utilizam as sessões de Umbanda como “fast-food de consulta”, isto é, quando precisam, vão até lá, pedem o que precisam e vão embora abandonando o local até que a próxima necessidade os faça regressar.


Outras há que vão apenas aos dias de festas para comer, “a lá festa do aniversário de São Paulo”, largamente difundida pelo famoso repórter Márcio Canuto. Elas podem estar encarando a Umbanda como uma bonita manifestação da “cultura popular brasileira”, ou seja, uma atração turística ou ainda “coisa para inglês ver”. Visitam, acham bonito, mas não apreendem o real significado da religião praticada ali.


Uma questão, também de extrema importância, é o que a participação da assistência contribui para a sessão. Uma assistência participativa tem o mesmo resultado para uma sessão do que uma assistência apática? O que é mais interessante para a Umbanda, uma assistência ignorante sobre os conhecimentos ou uma assistência consciente do que são os rituais e dos porquês destes rituais.


Acredito que essas duas questões estão inter-relacionadas porque quanto mais as pessoas que compõem uma assistência estão integradas no culto, tão mais elas respeitarão este ritual, participando ativamente dele, entendendo como e porque devem se comportar a cada momento.


Elas entenderão melhor que a religião não se pratica somente dentro de um templo religioso, mas em todo o lugar. Elas aprenderão que também elas têm a responsabilidade de fazer a caridade e semear a paz e amor ao próximo, e ter esta convicção é maravilhoso!

À você que nunca esteve em um Terreiro de Umbanda fica o convite: Faça uma visita à um e viva com intensidade cada instante. Você vai amar!




Pai Denisson D’Angiles - AxéNews

Pai Denisson D’Angiles

Denisson D’Angelis, pseudônimo de Denisson Tulli De Angelis, é um polímata brasileiro, ativista dos direitos humanos, Sacerdote de Umbanda, Pai de Santo, jornalista, ortomolecular, inventor, poeta, piloto automobilístico, humorista, administrador de empresas e empresário. [+ informações de Pai Denisson D´Angeles]

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