Por: Iyalode Ojewunmi Rosângela D'Yewa
21/05/2024 | 15:54
Em 13 de maio de 1888 , a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel marcou o fim oficial da escravidão no Brasil, tornando-se um marco histórico de enorme relevância. Entretanto, 136 anos depois, a pergunta que ressoa é: o que realmente mudou para o povo preto no Brasil?
A abolição da escravatura no Brasil não foi acompanhada por políticas efetivas de inclusão social e econômica para os libertos. A ausência de medidas reparatórias, como distribuição de terras ou acesso à educação, deixou os ex-escravizados e seus descendentes à margem da sociedade. Esse histórico de negligência estabeleceu as bases para as desigualdades que persistem até hoje.
Atualmente, os indicadores sociais mostram um panorama preocupante. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pretos e pardos representam a maioria da população em situação de pobreza e extrema pobreza no país. A taxa de desemprego entre a população preta é significativamente maior em comparação com a população branca. Além disso, a desigualdade salarial é uma constante: pretos e pardos recebem, em média, cerca de 70% do salário dos brancos ocupando as mesmas funções.
Na educação, avanços foram conquistados, mas ainda há muito a ser feito. As políticas de cotas nas universidades públicas representaram um passo importante na inclusão de estudantes negros no ensino superior. Desde sua implementação, o número de alunos pretos e pardos nas universidades aumentou significativamente. Contudo, a qualidade da educação básica, predominantemente oferecida para a população preta e parda, ainda é inferior, perpetuando a desigualdade.
O racismo estrutural no Brasil é uma realidade que afeta diretamente o povo preto. A violência policial é uma das facetas mais cruéis desse problema. Estatísticas mostram que jovens negros são as principais vítimas de homicídios no país. Em 2019, 75,7% das vítimas de homicídios no Brasil eram pretos ou pardos, de acordo com o Atlas da Violência.
Meu fenótipo é de Mulher Branca, mas vivencio o preconceito Religioso ( Racismo Religioso), por ser uma Iyalode, uma Iyalorisa e lutar pela minha religião,
e os índices de violência por intolerância religiosa são absurdos.
Apesar de todas as adversidades, o povo preto tem mostrado resiliência e protagonismo na luta por direitos e igualdade. Movimentos sociais, têm desempenhado um papel crucial na conscientização e na luta contra o racismo. A presença cada vez maior de pessoas pretas em posições de destaque na política, na mídia e em outras áreas também é um sinal de mudança e resistência.
Ter uma Mídia, como o AxéNews , que dá oportunidade de voz para o nosso povo é um sinal de mudança.
Caminho com o Coletivo Afrikerança , cujo objetivo é Salvaguardar todo legado cultural e religioso deixado por nossa Ancestralidade. Mas para que a verdadeira igualdade seja alcançada, é essencial que o Brasil implemente políticas públicas efetivas e contínuas de reparação e inclusão. Investimentos em educação de qualidade, políticas de emprego e renda, e o combate sistemático ao racismo são passos imprescindíveis. A sociedade brasileira precisa reconhecer e valorizar a contribuição do povo preto em todos os âmbitos, promovendo uma cultura de respeito e igualdade.
A assinatura da Lei Áurea foi um passo inicial, mas insuficiente para garantir a liberdade e a dignidade plena do povo preto no Brasil. 136 anos depois, os desafios são enormes, mas a luta por uma sociedade mais justa e igualitária continua. É fundamental que o legado da escravidão seja reconhecido e que medidas concretas sejam tomadas para reparar as injustiças históricas, garantindo assim um futuro mais promissor para as próximas gerações.
A história do povo preto no Brasil é uma história de resistência e superação. Reconhecer as mudanças ocorridas e os desafios persistentes é essencial para construir um país verdadeiramente livre e igual para todos.
Iyalode Ojewunmi Rosângela D'Yewa
Dra h. c. Iyalode Ojewunmi Rosângela D'Yewa. Turismóloga, Radialista, Produtora Cultural, Capelã Internacional. Embaixadora Cultural de Oyo e Ekiti - Nigéria [+ informações de Iyalode Ojewunmi Rosângela D'Yewa]
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