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Cerimônia de Olubaje em agosto, nos remete a doação, uma coisa que fazemos todos os dias do ano nos terreiros

Por: Babalorisa Carlinhos de Osala


Foto: Flickr | Wanderlei

04/09/2024 | 19:03


Dizem, algumas histórias antigas que Obaluaiyê, foi preterido e não foi convidado para um grande jantar dos reis e rainhas, pela sua aparência e vestimentas que não achavam que eram dignas da realeza das Divindades. Em outra história, também muito antiga, conta que durante esse grande festejo todos zombaram de Obaluaiyê, pela sua deselegância rude para dançar. Bom, o resultado de uma história ou outra foi o descontentamento do senhor da terra. Após esse banquete, todos sofreram com a fúria de Obaluaiyê, a terra ficou improdutiva e a doença chegou em todos os reinos sem distinção.



Obaluaiyê, nosso pai Omolu, é o médico dos pobres, o defensor dos menos favorecidos na sociedade. É ele que recorremos para a saúde, como foi na última pandemia que imploramos para continuarmos na terra.


Nas histórias que contei acima, como pedido de desculpas e para abrandar a fúria de Obaluaiyê, os orixás fizeram um grande banquete em homenagem ao Rei, para que a terra voltasse a produzir alimentos e a esperança de " cura" para as doenças nos reinos, nas aldeias. Esse banquete até os dias atuais são realizados nos espaços de terreiros e essa cerimônia chama se : Olubajé ( Olu = Senhor, Oba= Rei , Jé= Comer ) , onde todos os presentes participam e são alimentados.


No Asé Ilê Omin Odara , onde eu sou o Babalorixa , nós fazemos entrega de alimentos há 28 anos e acreditamos que quem tem fome, tem pressa. Dividimos como em outras casas de candomblé , muitas vezes o nosso próprio alimento com as comunidades e temos nossos filhos de fé e amigos como voluntários. Hoje agradeço por todo trabalho já realizado e pela ajuda dos parceiros, mas ainda é pouco e precisamos fazer parte da Sociedade , nos organizar , exigir políticas públicas e que os mesmos deixem de ser exacerbados de burocracias e "pegadinhas", com prazos curtos e informações deficitárias que só prejudicam e desanimam o nosso povo que já faz ações solidárias com seu próprio recurso e que poderiam multiplicar e acolher a muitas outras pessoas vulneráveis Sociais. Para nós, o povo que veste branco e que anda de pé no chão, fornecer o alimento é Sacralidade , é reviver o mito de Obaluaiyê, acreditamos que se alimentarmos a terra, ela nos alimenta de volta.


Porém, precisamos de Políticas públicas voltadas para povos tradicionais de terreiros , nos organizar , ser atuantes na Sociedade , não podemos mais ficar calados e não ter voz , precisamos ouvir e nos representar e só fazer Silêncio quando nosso amado rei passar.


Atotô! ( Silêncio).



Carlinhos de Osala - AxéNews

Babalorisa Carlinhos de Osala

Sou Babalorisa Carlinhos de Osala ,fui iniciado a 32 anos atrás para Osoguian no Ile Asé Omin Lokum , Mesquita. Pelas mãos do meu Babalorisa Odilon de Sango, ele era o primeiro Ayra iniciado pela Iyalorisa Regina de Bangbose no Ile Asé Iyami em Cavalcante... [+ informações de Carlinhos de Osala



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