Por: Pai Ortiz Belo
25/04/2024 | 19:19
Religião ao longo da história humana sempre foi motivo de encontro com o divino e ao mesmo tempo aonde existiram os maiores conflitos. Em esfera global os maiores conflitos estão na ação cultural e religiosa que se entrelaçam na sociedade, além das conquistas, guerras que ocorreram e ocorrem observando o quanto o homem é sedento de poder e riquezas. Sempre nas guerras existiu o fundo religioso, aqui no Brasil, ainda quando era uma terra nativa, já existia a centenas de anos, práticas de reverência espiritual a natureza. Os nossos nativos da terra, os índios, possuíam uma forma de organização que girava em torno do Xamã, do Pajé e do Cacique, assim as estruturas se formaram. Buscando a história do Brasil, anterior a sua invasão, as aldeias possuíam suas particularidades, existia sim conflitos, estes por áreas de caça e também por diferenças culturais entre as aldeias.
Após a invasão do Brasil, sua colonização foi cruel, ainda hoje a influência europeia é evidente na cultura indígena, dificilmente encontramos uma aldeia sem a inserção de elementos católicos e hoje protestantes. A vinda dos africanos foi um choque de culturas coirmãs, ambas de culto a natureza, com particularidades distintas, onde ambas foram colocadas como alvo do ataque cultural, sofreram e sofrem o apagamento de suas raízes.
Trazendo para uma história mais recente, quando os elementos culturais do negro, do indígena e do catolicismo popular se encontram, formando uma nova realidade religiosa. Creio, em minha teoria, que a espiritualidade interviu mostrando um caminho de amor entre as várias etnias, formando assim o que hoje chamamos de religião de Umbanda. A religião além de ser uma religião de culto a natureza, ela é uma síntese de paz, encontramos dentro de sua estrutura o entendimento sobre a reencarnação, entrelaçando no mundo espiritual uma unidade entre as várias etnias e culturas religiosas. Para o estudioso da espiritualidade, para o observador, é notório que além destes elementos que formam a base da religião de Umbanda, podemos associar todas as demais culturas antigas, mostrando que a religião de Umbanda é mais profunda que se pode imaginar.
Trazendo para o pensamento dos dias atuais, a Umbanda sofre constantemente por conta da evolução tecnológica. Hoje as invenções e inversões são cotidianamente recorrentes, a utilização da internet tem tornado a dinâmica cultural e religiosa uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que interagimos instantaneamente em informações com o mundo, aproveitadores e pessoas desprovidas do bom senso, se formam como médiuns e dirigentes via online. A religião de Umbanda sofre o que chamo do apagamento de fundamentos feito pela modernidade, feito por inteligência artificial. Observo os jovens na religião, é ótimo, porém alguns que nem barba tem na cara, discutindo e discordando de verdadeiros zeladores de santo, o pior, estes mesmos jovens possuem centenas de seguidores, reproduzindo assim este fenômeno.
Importante ressaltarmos, a religião de Umbanda não pode perder sua essência, para manter sempre vou citar o documento Carta Magna da Umbanda, como instrumento norteador, normatizador e de legitimação das práticas espirituais dentro da religião.
A diversidade religiosa de Umbanda no Brasil deve ser também bem observada, estamos em um país continental que se adapta com as influencias regionais, portanto encontraremos elementos que se diversificam. Um exemplo é Zé Pilintra, existe aqueles que seguem os preceitos do Zé nordestino (que é meu caso) o mais antigo, e aqueles que seguem os preceitos do Zé carioca. Ai é uma maneira de observação sobre elementos regionais sobre a religião de Umbanda.
Pai Ortiz Belo
Escritor umbandista e espiritualista. Dirigente espiritual do Templo Portais de Umbanda desde 1997. Nasceu em berço religioso de Umbanda, consagrado pai pequeno aos 19 anos e dirigente aos 26. Filho de pai Xangô e mãe Oxum, sempre procurou fazer pela religião desde jovem, participando de momentos valiosos para a Umbanda. [+ informações do Pai Ortiz Belo]
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