Por: Iyá Marlise de Oxum
28/02/2023 | 15:45
Ebó é oferenda entregue. Ebó é um ritual do candomblé, onde se faz uma oferenda com
vários ítens, podendo ser grãos, legumes, vegetais, frutos, animais, tecidos, velas, objetos,
carretéis de linhas e outros, que se transformam em insumos energéticos.
A realização desse ritual, geralmente indicado por oráculo, não requer necessariamente que a pessoa que o recebe seja iniciada ou pertencente àquela comunidade de terreiro
procurada. O ebó pode ser feito em um amplo espectro de clientela que consulta um(a)
sacerdote/sacerdotisa para buscar orientação e/ou amenizar/sanar problemas em diferentes campos da vida: de saúde, amor, profissional, familiar, de justiça, financeiro ou outros. Comumente as pessoas buscam e recebem um ebó na perspectiva curativa. Nesse caso, se faz oferenda dos ingredientes, acionados por encantamento/magia, para positivizar um determinado campo que está negativo energeticamente na vida da pessoa. Trata-se sempre de uma troca energética. Alguns leigos chamam esse tipo de ritual de “descarrego” ou “sacudimento”, já que se estabelece uma espécie de limpeza e expurgação do que está negativo.
Existem, todavia, os ebós que são preventivos, afastando alguma negatividade que esteja
no caminho da pessoa, antes da mesma se estabelecer. Trata-se de um apaziguamento de energias para o equilíbrio da vida do(a) consulente. Existe, ainda, uma outra modalidade de oferenda - sugerida ou espontaneamente ofertada - que pode envolver alguns dos elementos acima mencionados. São os ebós conhecidos no senso comum como presente ou agrado, geralmente oferecidos em agradecimento a alguma conquista alcançada.
Existem ebós para fins específicos (saúde, amor, etc) e aqueles que são indicados para
positivizar odus, apontados através de orientação de pessoas autorizadas e com
conhecimento, consultado pelo recurso oracular: jogo de búzios ou de obi, jogo de ifá e
outros.
Vale ressaltar que um ebó é sempre um ritual e, nesse sentido, requer seriedade no preparo anterior, tanto por parte das pessoas que o confeccionam e aplicam, quanto por parte do(a) consulente que o demanda e o recebe ou oferenda.
Para finalizar devo destacar que após o ebó o(a) consulente deve fazer preceito orientado
também através de oráculo e retornar à comunidade de terreiro para avaliação dos
resultados e busca de novas orientações.
Em tempo: boas magias podem gerar bons resultados, mas não eximem o sujeito
demandante de fazer a sua parte no trabalho, com bons pensamentos, palavras e ações. É
fundamental entender que a conduta também é parte do ebó.
Vale lembrar que na tradição Iorubá o mensageiro que entrega o ebó à energia a quem
está sendo oferecido é o orixá Exú e ele é rigoroso quanto a todo o processo de elaboração da oferenda (início - meio - fim), desde a etapa da “tirada da lista do ebó”, compra do material, confecção, aplicação, entrega no local indicado pelo oráculo, até ao resguardo a ser seguido.
Laroye Elegbara!
Iyá Marlise de Oxum
Yalorixá do Ilé Axé Iyalode Oxum Kare Ade Omi Aro /Nova Iguaçu - RJ
Professora Aposentada da UFRJ
Doutora em Ciências Sociais
Ativista/Pesquisadora em Direitos Humanos.
Rede Social de Iyá Marlise de Oxum:
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