"Ser filha de Ogum significa que não podemos desanimar nos embates do cotidiano, que são as nossas provações"
23/04/2023 | 16:14
No dia em que celebramos a força e a energia de Ogum, entrevistamos uma de suas filhas, Mãe Marcela Ré, Marcela Omó Ogum. Sacerdotisa da Casa de Jurema desde a sua fundação, em 2018, Mãe Marcela também é colunista do AxéNews.
Na entrevista, ela fala sobre seu amor a Ogum, e de como é ser filha do santo guerreiro. Confira:
AxéNews: Ogum é um dos orixás mais populares do Brasil. Como a senhora define Ogum em nossos dias?
Mãe Marcela Ré: Ogum é a energia dos lutadores pela vida! As nossas lutas diárias, do nosso cotidiano! É a energia que nos movimenta e impulsiona a conquista pelos nossos ideais! Patrono da Umbanda, nos mostra claramente que é o Orixá que traz a Luz da busca.
AxéNews: Costumamos associar a energia de Ogum à coragem e a força. Ele tem o domínio sobre o ferro e o aço, e, consequentemente, todas as ferramentas feitas por esses materiais. Como podemos conectar essa força de Ogum às nossas lutas e guerras diárias?
Mãe Marcela Ré: Exatamente da mesma forma, entendendo a força do Orixá com positividade. Entendendo que ter coragem e força, significa lutar contra si em suas batalhas internas. Significa que devemos ser fortes e corajosos para não recair nos obstáculos da vida!
AxéNews: Para os devotos de Ogum, qual a oferenda pode ser feita?
Mãe Marcela Ré: O básico sempre atinge o máximo de pessoas. Digo que oferendas são como um agradecimento ao que achamos que agradaremos áquele Orixá! Seja apenas com uma vela, seja com um cará com mariô, mas seja, PRINCIPALMENTE, com pensamentos elevados aos desejos de vitórias e aberturas de caminhos!
Orixá na Umbanda não vem comer! Ele se alegra que ali, naquele momento de ofertar, existe uma conexão mais pura e elevada do sentimento de gratidão ou desejo, logo ali, há a maior entrega e vibração!
AxéNews: Um dos símbolos de Ogum é a espada. Muitos fiéis têm em suas casas, a espada de São Jorge. Como ela pode nos ajudar quando bem utilizada?
Mãe Marcela Ré: Vale lembrar que os objetos são elementos que remetem aquele arquétipo de simbolismo ao Orixá, que logo, se assemelha ao propósito daquela vibração. Para Ogum, as espadas significam as batalhas sendo vencidas, as maldades e demandas sendo cortadas, mas principalmente que ali, nesse objeto existe alguém que é lutador das suas próprias buscas.
AxéNews: A senhora é filha de Ogum. Como é ser filha do guerreiro?
Mãe Marcela Ré: Um orgulho danado.... Uma honra, ser filha do Guerreiro! Brava e lutadora pelas batalhas do bem. Lutadora incansável pela disciplina, ética, moralidade, na minha vida, e ensinando esses valores aos demais. Ser filha de Ogum significa que não podemos desanimar nos embates do cotidiano, que são as nossas provações. Vir na vibração desse Orixá no Eledá, digo que é mais fácil que se fosse no Juntó, pois a vulnerabilidade aos deslizes são mais difíceis, pois tenho em mim, o lado racional dessa força e não a emocional, que por pouco, poderia desestabilizar.
Poderia descrever que ser filha de Ogum tem suas fases, tem seus dois lados, assim como a espada que carrega. Podemos ser extremamente fiéis aos nossos amigos, como também podemos ser o pior inimigo extremo, em sua postura inversa. Tudo é questão de maturidade e entendimento do positivo e negativo dentro de nós.
O impulso e o rompante devem ser usados com moderação, principalmente na palavra que fere.
Porém não podemos culpar o Orixá!
Orixá vivo dentro de nós, é Orixá do bem! E é nesse propósito que eu busco sempre!
Que Ogum seja por você o que ele é por mim: Pai, amigo e protetor!
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