Por: Pai Ortiz Belo
02/11/2023 | 11:53
A Umbanda vem em sua história se construindo e firmando-se desde sua anunciação
como religião de fato, aonde em 1908 foi revelada pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas. Este momento histórico da Umbanda que é defendido por vários
membros da religião, deve ser entendida não como o nascimento da Umbanda, mas
sim um registro de sua fundação documentada.
A Umbanda já vinha sendo estabelecida em vários lugares do Brasil, aonde pretos velhos, caboclos já se manifestavam em médiuns realizando curas em atendimentos espirituais. Registros remontam de 1870, em relatos dos mais antigos de nossa religião, aqui cito, Pai Varela, Mestre Marne, No nordeste o encontro de forças indígenas, com manifestações,
defumações, garrafadas, curas com ervas, deu origem ao catimbó, que por adaptação
agregou também os santos católicos em seus altares.
A religião de Umbanda tem em sua base uma miscigenação característica bem do povo
brasileiro, nativos da terra (índios), negros africanos e os europeus. As religiões destes
povos se fundiram, dando origem ao que conhecemos hoje ser Umbanda, a
colaboração dos santos católicos, até do espiritismo Kardecista, deve ser observado na
visão dos colonizadores.
A religião católica, em sua história, impôs, perseguiu, matou e descaracterizou muitas
culturas religiosas pelo mundo inteiro, observamos como ocorreu com os africanos,
tiveram que adotar os santos católicos com características análogas aos Orixás, para
continuarem cultuando suas divindades sem que houvesse as perseguições. A religião
oficial dos colonizadores tinha uma finalidade, destruir tudo que arremetesse a cultura
e espiritualidade local, proporcionando assim o domínio de massa.
Há de se entender que as figuras que foram protagonistas do mal uso espiritual de
seus nomes, não venham contaminar o que entendemos dentro da espiritualidade.
Aqui digo com clareza, como religioso, historiador que, a religião católica não se fez
presente dentro dos preceitos de Jesus Cristo, Ele foi usado, assim como é explorado
até os dias atuais, com a finalidade de dominação de massa.
Quando citamos o catolicismo popular, não estamos pontuando o catolicismo romano,
aonde o seu chefe é o Papa do Vaticano, estamos falando de um catolicismo que
compreende os seres que ascenderam na Luz, e promoveram o amor e a paz! Os
santos católicos que estão nas centenas de terreiros pelo mundo, retratam ancestrais
que deixaram um legado de ensinamentos que estão desassociados da dominação do
vaticano.
O ser divinizado, Jesus Cristo, Oxalá na Umbanda, foi um homem que promoveu
ensinos que vieram para evoluir os seres humanos dentro de um padrão
extremamente elevado. Lembrando que, na época do nascimento dele, a região pertencia a África, portanto Jesus Cristo é africano!!! Este mesmo Ser, não encontramos dentro da história da igreja católica, a não ser a utilização de sua imagem, que nossos colonizadores mataram e destruíram, contradizendo totalmente os desígnios e ensinamentos de Jesus e dos Santos que ascenderam as esferas superiores de Luz!
Portanto, entendam que a Umbanda tem em sua base o catolicismo popular, as bases do espiritismo, sem a macula histórica de ações e atitudes que não colaboram com a unidade dada nesta religião. A Umbanda é uma religião de caboclos e de pretos velhos, se expande em todo o país e em todo mundo como religião organizada, sem influencias distorcidas de outras ramificações religiosas. Jesus disse, “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” sendo uma das máximas dentro da religião de Umbanda, como expressão de amor e de fé!
Portanto, não importa se em seu altar, seu congá, seu peji, tenha santos, e ou, orixás
africanos, somos uma religião de resistência, de esclarecimento fraterno e evolutiva.
Lembrando que evoluir, não significa descaracterizar a religião, impondo fundamentos
inexistentes, ou promovendo ações que só podem ocorrer por vivencia e de maneira
presencial.
A palavra Umbanda é de origem Banto, isto é fato e jamais devemos negar a história,
bem como foi anunciada como religião pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, a religião
agregou ao longo dos anos informações que a fundamentaram, cresceu sobre o olhar
de Oxalá, seja Jesus Cristo (Oxalá), ou Oxalufã, ou Oxaguian.
Pai Ortiz Belo
Escritor umbandista e espiritualista. Dirigente espiritual do Templo Portais de Umbanda desde 1997. Nasceu em berço religioso de Umbanda, consagrado pai pequeno aos 19 anos e dirigente aos 26. Filho de pai Xangô e mãe Oxum, sempre procurou fazer pela religião desde jovem, participando de momentos valiosos para a Umbanda. [+ informações do Pai Ortiz Belo]
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