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Mulheres de Axé: o poder feminino na luta contra o preconceito

Por: Átila Nunes

Foto: Acerto Terreiro do Gantois via BBC

20/03/2023 | 11:10


Nos terreiros de Umbanda e Candomblé elas se consolidam como principais lideranças, mas fora das religiões à luta contra discriminação e por igualdade de direitos é diária. Nas religiões de matriz africana, são as mulheres que dirigem a maior parte das casas. Elas são o símbolo da resistência contra a intolerância.




Quando o assunto é o feminino e o papel da mulher, alguns nomes vêm imediatamente a nossa memória: Bambina Bucci, Arlete Moita, Mãe Beata de Yemonjá e Mãe Menininha do Gantois. Todas têm algo em comum. Através de suas vidas, contribuíram para a construção de uma sociedade mais igualitária. Seus ensinamentos jamais serão esquecidos, assim como suas lutas, dentro e fora dos terreiros.


Bambina Bucci, da qual tenho grande orgulho de ser neto, foi um ícone da importância da mulher nos cultos afro-brasileiros, sendo reconhecida como um símbolo feminino da luta contra o preconceito religioso. Veja bem, estamos falando de uma época em que os terreiros eram muito perseguidos pela polícia. Bambina também foi uma jornalista exemplar, vereadora e escritora. Arrisco dizer que poucos terreiros no Rio de Janeiro não a conheceram pessoalmente. E todos, certamente, guardam a lembrança de uma mulher corajosa.


Lembro-me até hoje das histórias que eu ouvia quando criança. Sempre me diziam: para a sua avó não existe algo que seja “impossível”. Se alguém dissesse isso a ela, Bambina ia lá e fazia o que precisava ser feito. Realmente, era destemida e corajosa. Por 16 anos, foi vereadora pela cidade do Rio de Janeiro, onde foi autora de dezenas de leis municipais que garantiram a igualdade religiosa. Durante três décadas, também apresentou o Programa Melodias de Terreiro, o primeiro programa voltado aos cultos afro, transmitido por uma rádio brasileira.


Arlete Moita, a mãe Arlete, também ocupou espaços de onde a mulher foi histórica e culturalmente excluída. Foi cantora, compositora e Yalorixá. Participou, na década de 1970, como consultora e apresentadora do programa "À caminho da luz", de Paulo Newton de Almeida, sobre Espiritismo e Umbanda na Rádio Guanabara, emissora da Rede Bandeirante do Rio de Janeiro. Como Yalorixá era a responsável pela Tenda Espírita Caboclo Rompe Mato. Na Confederação Espírita do Brasil atuava no cargo de Embaixadora de Umbanda na década de 1970. Sua bibliografia ilustra as relações de gênero e empoderamento feminino semeadas no terreiro de Umbanda e expandidas para a sociedade.


Beatriz Moreira Costa, Mãe Beata de Yemonjá, foi escritora e ativista em defesa dos direitos da mulher. Desenvolveu trabalhos relacionados à preservação do meio ambiente, aos direitos humanos, à educação, saúde, combate ao sexismo e ao racismo. Mãe Beata deixou um legado inestimável. Seu legado como Yalorixá feminista que combatia a intolerância, o racismo e a homofobia jamais será esquecido.


Termino esse artigo, relembrando a também inesquecível Maria Escolástica da Conceição Nazaré: mais conhecida como a mãe Menininha do Gantois. Ela é considerada a maior mãe de santo do Brasil. Popularizou e sociabilizou o Candomblé, rompendo barreiras e permitindo que intelectuais, artistas, políticos e religiosos de outras religiões frequentassem o Terreiro do Gantois. Tornou-se conhecida e respeitada, nacionalmente, por sua bondade e carinho. Enfrentou o preconceito, mas soube valorizar a religião e integrá-la na sociedade baiana, obtendo a licença para o culto aos Orixás em 1930.


No mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, não poderia deixar de prestar essa justa homenagem a essas mulheres do axé! Suas histórias representam a força da representatividade feminina e a luta contra um dos maiores problemas da sociedade, que atravessa gerações e se mostra ainda resistente nos dias atuais, o machismo.





Átila Nunes - AxéNews

Átila Nunes

Carioca, 48 anos, casado, pai de dois filhos adolescentes, o vereador

Átila A. Nunes (PSB) é líder do governo na Câmara Municipal do Rio e está em seu terceiro mandato. Membro da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos de Matriz Africana, ele cresceu num lar de família umbandista. [+ informações de Átila Nunes]

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