Por: Mãe Manu
08/03/2023 | 10:22
Saravá, irmãos!
Optchá, povo Cigano!
Sou a Mãe Manu da Oxum, Sacerdotisa do Templo de Umbanda Tsara Paixão, tenho 43 anos e sou fã incondicional de pessoas que admiram a força de uma mulher.
Hoje, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, não podemos deixar de lembrar que essa data se deu diante de muitas lutas de outras que vieram antes de nós, que foram para as ruas por nossos direitos civis, trabalhistas e sociais. São mais de 100 anos de lutas para que hoje nos sejam rendidos homenagens e reconhecimentos. Nosso lugar na sociedade já foi tomado e questionado diversas vezes.
Então, rainhas dessa vida, vamos entender que nós ainda estamos nesse processo embrionário de emancipação e social. Se você é ativista, empoderada e determinada ao direito de igualdade da mulher perante a sociedade, está sim, reconhecimento fazendo parte da história! Vale para você entender porquê ainda existe tanta resistência para lidar conosco e que já faz parte da luta para mudar o futuro de muitas de nós!
E sendo nós mulheres do Axé?
Aí o desafio se torna maior ainda, pois além de sermos mulheres, estamos enraizadas em religiões que sofrem demais com o preconceito da sociedade. Simplesmente fomos atraídas por nossos Ancestrais a honrar não só a Mulher, mas toda a necessidade de reconhecimento e reparação. Perceba que desde que o mundo é mundo, os direitos por igualdade são arrancados a força de quem alimenta e transforma a sociedade!
E o Matriarcado na atualidade? Onde alguns machistas perceberam que, enquanto cresciam na indústria e comércio fomos nós mulheres o berço da permanência e conservação das religiões de matrizes africanas.
Se um ser machista cruzar nossa porteira, lá vamos nós para mais uma luta. E nem sempre esse discurso de Machismo é explícito; algumas vezes ele é velado. Existem Sacerdotisas que são questionadas em suas ações, livros, falas e projetos. Muitas vezes a sociedade acredita que por trás dela tem um homem que banca a coragem, e possivelmente ela deve estar sendo bancada financeiramente. Incrível como, que para uma grande parte da sociedade uma mulher só se torna respeitada e importante tendo um homem por traz. Vamos parar com isso pelo amor do Orixá! Parar de caçar o homem por trás da mulher, nós também temos o direito de amar quem e como quisermos sem misturamos conquistas pessoais e profissionais. Temos nosso talento e determinação.
Se você ainda não sabe, comentários que descentralizam e desapropriam a capacidade da mulher, é machismo velado. Quando é um homem, ninguém dúvida que ele fez algo, apenas entrega sem questionar o mérito! Chega de normalizar, socializar e romantizar machismo, racismo, preconceito e ignorância.
Criamos e renascemos das cinzas diversas vezes. Por isso, no dia 12 de Março teremos a IV Edição do Axé Mulher, no Clube Recôncavo de Sepetiba, Zona Oeste (acesse o instagram @axemulher e saiba mais). Uma verdadeira homenagem a Mulheres de Axé, na luta contra o feminicídio, transfobia, capacitismo, LGBTQIAP+, religiões de matrizes africanas e povos Originários. Um movimento cultural voltado ao reconhecimento da potência da mulher, com momentos de alegrias ofertados por cantores de Umbanda. Conversas e terapias, ofertados pelos convidados com assuntos que a sociedade tenta esconder e a necessidade de entrosamento das casas de axé, pois não combina com povo de santo, desunião, isputas, preconceito e rejeição.
O evento também tem como alvo a saúde mental, os cuidados terapêuticos, as emoções e mentes humanas. Vale lembrar também, da pegada social com arrecadação de alimentos e absorventes, pois a fome e a pobreza menstrual são uma realidade cruel.
Uma pegada de divulgação e empreendedorismo, pois acontece junto uma feira expositora. Não existe melhor forma de fazer circular nossa renda em torno de nosso povo.
E diante de tudo isso eu deixo aqui uma mensagem para você, mulher, mãe, empresária, educadora, esposa e filha. Cuide-se! Seja prioridade, acredite em seu potencial, em sua força, em sua capacidade de recomeçar quantas vezes for! Não podemos e nem devemos procrastinar e comparar nossa vida a de outras pessoas. Temos nosso tempo e está tudo certo. Desistir não é o caminho mas precisamos entender que abrir mão do que te fere não é desistir, é dar “sim” a si mesma.
Mãe Manu
Mãe Manu da Oxum é Bisneta de Pai Nelson que morava no Bairro Boa Esperança e trabalhava com Preto Velho Pai Tomé. Neta espiritual de Mãe Ivonete do Ogum (desencarnada), nordestina, trabalhava nos fundos de sua casa e era costureira. Seus Guias chefes eram o Velho Rei do Congo, Caboclo 7 Flexas, Cigana Carmencita e Cigano Wladimir. [+ informações de Mãe Manu]
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