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Mãe Pequena/Pai Pequeno: De fato e de direito

Por: Ademir Barbosa Junior

Foto: Clara Nascimento

04/03/2024 | 12:52


Para Vanessa de Iemanjá,

Mãe Pequena da T. U. Caboclo Jiboia e Zé Pelintra das Almas


"Mãe Pequena"/ "Pai Pequeno" são funções que, como as demais, pressupõem pertença, vale dizer, se é Mãe Pequena e Pai Pequeno de uma comunidade-terreiro. Infelizmente, há casos de Mães Pequenas e Pais Pequenos que, mal se levantam, se afastam de suas comunidades e exibem sua função (reduzida a titulação) como um cartão de visitas.




Às razões ontológicas (individuais) somam-se as sociológicas: tal atitude reverbera o individualismo característico de sociedades em que mais importante do que ser (Mãe Pequena/Pai Pequeno) é ter a função sacramentada e registrada em documento, ainda que não vivenciada numa comunidade-terreiro. É uma maneira de aparentar ser mesmo sem ter sido (vivenciado a experiência). Num mundo de aparências, super-exposição e simulacros, isso pode funcionar. Na prática e na caminhada espiritual (aliás, muito prática), não.


Mãe Pequena/Pai Pequeno têm funções e preparos específicos, os quais, se iniciam no apontamento (geralmente diante da comunidade), começam a se efetivar a partir do levantamento e da apresentação pública. Embora haja grande variação de fundamentos e ritos entre casas e segmentos (exemplos: recolhimento, saídas, assentamentos ou não), Mãe Pequena e Pai Pequeno são apresentados e reconhecidos pela comunidade-terreiro, que passa a lhes tomar a bênção como tais. As vivências daí adiante (que incluem eventuais substituições da Mãe/do Pai da casa) são fundamentais, posto que específicas. Não ter essas vivências significa ser Mãe/Pai Pequeno de direito (apontamento, ritos de consagração, levantamento, reconhecimento pela comunidade), mas não de fato (exercício da função). Tem-se um título, um cartão de visitas em forma de certificado, mas têm-se Mãe Pequena e Pai Pequeno na vivência, no conhecimento de fundamentos, na sabedoria aflorada para lidar com as questões de uma comunidade-terreiro?


Quando uma Mãe Pequena e um Pai Pequeno tornam-se Mãe e Pai no próprio terreiro de origem, a despeito de mais experiências e responsabilidades, continuam a exercer as funções de Pequena e Pequeno em relação à Mãe Maior e ao Pai Maior da casa. Se e quando abrem os próprios terreiros, estes apresentam feições próprias (regência espiritual, fundamentos, liturgia etc.), ainda que se mantenha e se manifeste o DNA da casa de origem.


Mães Pequenas e Pai Pequenos recém-levantadas/levantados ausentes e/ou desligadas/desligados de uma comunidade-terreiro, busquem reatar os laços com sua família de Axé ou, caso isso não seja possível, por qualquer razão, encontrem nova família espiritual. Não se limitem a ser Mãe Pequena/Pai Pequeno de direito, mas aprendam a ser Mãe Pequena/Pai Pequeno de fato.




Ademir Barbosa Junior - AxéNews

Ademir Barbosa Junior

Ademir Barbosa Júnior (Pai Dermes de Xangô) é dirigente da Tenda de Umbanda Caboclo Jiboia e Zé Pelintra das Almas (Piracicaba – SP), fundada em 23/4/2015. É Doutorando em Comunicação pela UNIP (Bolsa PROSUP/CAPES) e Mestre em Literatura Brasileira pela USP, onde se graduou em Letras. Pós-graduado em Ciências da Religião pelo Instituto Prominas, é professor e terapeuta holístico. [+ informações de Ademir Barbosa Junior]

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