Por: Deputada Dani Balbi
16/07/2023 | 15:51
Os Africanos e seus descendentes foram sujeitos fundamentais dos mundos do trabalho e da cultura urbana em séculos passados que formaram o que chamamos hoje de Nação Brasileira.
Nesse processo, esses povos inventaram e desenvolveram territórios urbanos e diásporas, redefinindo identidades e preservando sua cultura ancestral mediante bastante coação e criminalização por parte de uma elite branca dominante desde a invasão de 1500.
As religiões afro-brasileiras tiveram e têm um papel peculiar sendo essenciais para a constituição de espaços negros e até “Cidades Negras”, como Salvador e Recife por exemplo, não apenas durante a o período colonial e do império, mas, também, durante a República brasileira. Religiões que não apenas eram guardiãs de uma fé ancestral, mas também de uma cultura que sobreviveu em um contexto de forte hegemonia de religiões de origem branca/européia, em um período de incitação a preconceitos populares. Uma época em que a cultura e a religiosidade de origem africana foi relegada a códigos criminais, sendo comum a presença da “macumba”, do “curandeirismo”, da “feitiçaria”, e do “espiritismo” nos códigos criminais até a primeira metade do século XX, pelo menos.
Criminalizadas desde o Brasil Colônia, a história, a cultura e a religiosidade ancestral, no entanto, prevaleceram. Elas resistiram através das misturas, sincretismos que mantiveram seus valores e crenças vivos, transmitidos de geração a geração.
As comunidades religiosas de matriz africana são parte relevante das lutas históricas de emancipação negro-africana no Brasil. A identidade “negro-africana” implica a equivalência entre as diversas identidades sociais, políticas ou religiosas do campo afro-brasileiro. A ancestralidade, como relação entre “negritude/africanidade”, se converte em lugar de uma tensão profunda e tem no Terreiro um espaço de preservação ancestral, religiosa e também da cultura dos povos que para cá trazidos como pessoas escravizadas.
Além do sagrado, os povos tradicionais de matriz africana preservam em seus terreiros um legado cultural vasto e repleto de tradições, mantendo viva suas ancestralidades. Os espaços consagrados aos Orixás, transformam-se em um território de cultura através dos rituais, dos cantos, das danças, da comida preparada e distribuída.
É muito forte o conceito que se refere a família dentro dos povos tradicionais de matriz africana, pois esse conceito se amplia nos ensinamentos passados dos mais velhos aos mais novos através do respeito as tradições, ao meio ambiente, a preservação dos costumes e aos hábitos culturais. Hábitos que têm espaços orgânicos, geográficos e com total influência das riquezas culturais Africana.
Fortalecer o espaço dos terreiros como território cultural, é preservar a identidade da população negra com todo seu pertencimento histórico, valorizar os saberes, estabelecer relações com as comunidades e promover a equidade racial.
Deputada Dani Balbi
Cria do Engenho da Rainha, Dani Balbi é uma mulher preta e a primeira deputada trans do Rio de Janeiro, sendo eleita deputada estadual com mais de 65 mil votos. Com 33 anos, roteirista, professora e doutora em Ciência da Literatura pela UFRJ, Danieli Balbi, foinrevelada na política por movimentos sociais. [+ informações da deputada Dani Balbi]
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