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O Papel da Religião na relação entre o Bem e o Mal segundo a filosofia Cartesiana

Por: Adriano Cabral



25/03/2024 | 06:32


René Descartes, renomado filósofo e matemático, é conhecido por suas contribuições que deram origem ao pensamento moderno. Em suas obras, Descartes explorou questões fundamentais sobre a natureza da realidade, da mente e da moralidade. Para Descartes, a relação de bem e mal está intrinsecamente ligada à existência de um Deus e à importância da religião na vida humana.





A ideia desse Deus ou de um deus faz-se necessária para fundamentar todas as outras existências a partir da existência do cogito. Enquanto penso, não posso duvidar de estar pensando e só se faz possível, a razão, ato de pensar, àqueles que existem. O cogito (Penso, logo existo!) faz referência a intenção de não poder duvidar da dúvida enquanto se duvida de algo e, para isso, igualmente, faz-se necessário, conceitos que sejam indubitáveis para resguardar seu significado primordial e tudo aquilo que se projeta a partir desses argumentos sólidos. Daí parte a ideia de Deus.


O fundamento transcendente da verdade deve ser o ponto inicial de qualquer conhecimento. O único capaz de conhecer é o ser que, sendo, aplica a sua maior faculdade que é a razão. O princípio básico do ser é seu ponto de partida que também é e, necessariamente, possui a maior das faculdades do ser. Este ser racional precisa ser fundamental e, por isso, não pode ser material ou final. Tudo aquilo que não tem fim, necessariamente, não possui um início sendo categorizado como infinito ou eterno. Tais faculdades atribuídas a um ser inicial, infinito e racional podem ser relacionadas a uma divindade, a qual Descartes chama de Deus. A palavra “deus” serve para nos remeter de forma mais fácil e agradável a essa figura inicial não significando ser o deus desta ou daquela religião.


O pensamento cartesiano sobre o bem e o mal também pode ser compreendido a partir de sua concepção da dualidade entre a mente e o corpo. Segundo ele, a mente humana é uma substância distinta do corpo, e sua existência independe da materialidade unida por uma glândula chamada de PINEAL que se encontra no centro do cérebro e é responsável pelo controle de todo sistema nervoso além de fazer a relação do corpo para com a alma e o espírito. Para ele, a mente é imaterial e dotada de livre arbítrio, capaz de discernir entre o bem e o mal por meio da razão e se caracteriza pela lógica do espírito enquanto a alma é só aquilo que movimenta a matéria corpórea considerada, por Descartes, como uma máquina biológica.


Descartes argumentava que a fonte do bem reside na verdade e na ordem divina, enquanto o mal decorre da ignorância e da desordem. Ele defendia a ideia de que Deus é a suprema fonte de bondade e perfeição, e que a moralidade humana deve estar em conformidade com “essa” vontade divina. Nesse sentido, a religião desempenha um papel crucial na orientação moral dos seres humanos, fornecendo princípios éticos e valores que norteiam suas ações.


A presença de Deus na filosofia cartesiana é fundamental para a compreensão dessa relação entre bem e mal. Para ele, a existência de Deus é necessária e uma garantia da existência de valores absolutos e universais, que servem como referência para a conduta ética dos indivíduos. Tendo como ponto de partida a existência desse ser nominado Deus, pressupõe-se que, dentre suas características fundamentais e universais, faz-se necessário o universal e fundamental conceito em relação a todas as coisas. Isso traz a necessidade de conceitos fixos e fundamentais. A crença em um ser supremo e bondoso é o fundamento sobre o qual se constrói a noção de moralidade e justiça.


Assim, a relação de bem e mal segundo Descartes está intrinsecamente ligada à busca pela verdade, pela ordem e pela vontade divina. A religião desempenha um papel de mediadora entre os seres humanos e o divino, fornecendo um sistema de crenças e práticas que orientam a conduta moral e promovem a virtude.


Em suma, a filosofia de cartesiana ressalta a importância da religião como guia moral na busca do bem e na superação do mal. Por meio da razão, da verdade e da fé, os seres humanos podem refletir sobre suas ações e escolhas, buscando sempre o alinhamento com a vontade divina e a promoção do bem comum.


Referências CABRAL, Luiz A. S. A Moral Metafísica: do conhecimento de si à felicidade segundo Descartes. Magé, 2020





Adriano Cabral - AxéNews

Adriano Cabral

Dr. h. c. Luiz Adriano Santos Cabral (Adriano Cabral) é filósofo formado pela UCP Petrópolis; MBA em Administração Pública; Pós graduado em docência de Filosofia e Teologia; Primeiro secretário da Comissão de Combate a Intolerância Religiosa da OAB 22° Subseção Magé/ Guapimirim... [+ informações de Adriano Cabral]  


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