Por: Juliana D Passos
26/12/2022 | 09:39
Sempre procuro reforçar aos meus alunos de canto, o quanto é fundamental o entoar, o cantar, a louvação à nossa Espiritualidade e ancestralidade. Isso porque, principalmente nos terreiros de Umbanda - e independente dos diversos rituais - existe uma característica em comum: as sessões iniciam e terminam com pontos cantados, com a reza em forma de canto e toques.
O ponto cantado é um dos grandes fundamentos da Umbanda: com ele mantemos a vibração, a concentração dos médiuns, a energia do terreiro. E em suas letras, toques, palmas e melodias, os pontos cantados trazem rezas essenciais para que a gira siga de forma harmoniosa, e com propósito.
Mas será que você sabe identificar facilmente o que é um ponto de trabalho, de louvação, de cura, de chegada, de subida, de demanda? Ou apenas segue o coro, bate palmas e dança? A interpretação dos pontos cantados, quando bem entendida, ajuda muito a elevar a vibração da gira, e evita também energias contrárias ao propósito da sessão.
É muito importante o estudo da interpretação dos pontos cantados, da vibração dos toques para cada Orixá e guia, da afinação ao cantar, da curimba. Tudo isso ajuda a elevar a energia da gira e nos torna cada vez mais confiantes. E olha que o ponto cantado é apenas um dos vários fundamentos essenciais da Umbanda, mas confesso que é o meu preferido.
Toda vez que canto, tento entender se é um ponto trazido de Aruanda, qual o fundamento por trás desse ponto, do que se trata, qual a finalidade. Preparo com antecedência minha voz, pedindo sempre que eu sirva de instrumento para a Espiritualidade, que eu possa transmitir a contento suas mensagens, e que minha missão seja sempre cumprida.
Uma grande fonte de estudos de pontos cantados dentro do terreiro que faço parte (Centro Espírita São José em Florianópolis), é o Caboclo Sete Estrelas, guia responsável pela minha mãe de santo, a Mãe Marluci de Oxaguiã. Com ele aprendi a amar ainda mais a louvação à Espiritualidade os fundamentos do ponto cantado, porque entendi que dali em diante eu tinha uma razão e uma missão com a minha voz, um trabalho dentro da Umbanda que vai além da arte. É do espírito.
Então digo à todos vocês, irmãos queridos: estudar a fundo nossa Umbanda é maravilhoso, nos trás segurança e a certeza de estarmos no caminho certo, no caminho do bem. Estude, cante, louve sempre.
Beijo, e aquele axé!
Juliana D Passos
Para além do interesse musical, a vida de Juliana D Passos é repleta de ligação com a cultura africana. Algo que está refletido, antes de mais nada, na sua origem, como descendente direta de africanos. Sua bisavó materna chegou ao Brasil nos chamados navios negreiros, e seu avô foi adotado por outra família por conta da Lei do
Ventre Livre. Um processo que também determinou uma ligação familiar com a religiosidade de matriz africana, o que a faz uma voz e uma imagem representativa de Santa Catarina no cenário nacional ligado à cultura e as manifestações artísticas afro-brasileiras. [+ informações de Juliana D Passos]
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