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O Porto da Estrela e a Diáspora Africana: Memórias de Resistência

Por: Pai Marcelo de Xangô



04/12/2024 | 14:52


Este colunista ressalta a importância do Porto Estrela para o Brasil Império (1822 – 1889) e para a cidade de Magé. O estudo foi realizado pelo historiador Prof. Carlito Lopes que é pesquisador e coordenador de preservação do patrimônio histórico-cultural no município de Magé. Mestrando em História, dedica-se ao estudo da história econômica e patrimônio cultural do recôncavo da Guanabara. Foi speaker no TEDxRio Countdown 2024, realizado no Museu do Amanhã, com o patrocínio da Fundação Boticário.



Seus projetos incluem iniciativas de educação patrimonial, como o trabalho de história pública desenvolvido através do perfil @historiademage nas redes sociais, além de publicações acadêmicas sobre a história fluminense.


Segue abaixo um pouco da história do Porto da Estrela:


Foto: On Journey From Porto da Estrela – William John Burchell - 1825

O Porto da Estrela, situado no município de Magé, foi um ponto estratégico no período econômico do ouro e do café, e na consolidação das redes de comunicação no Brasil colonial.

No entanto, para além de seu papel logístico, ele também carrega as marcas de uma história profundamente ligada à diáspora africana e à resistência cultural de povos escravizados.



Foto: Porto da Estrela – Johann Moritz Rugendas - 1835

Entre os séculos XVIII e XIX, o Porto da Estrela foi muito mais que um entreposto comercial. Ele se tornou um ponto de chegada e trânsito de africanos escravizados que, ao serem introduzidos nos sistemas produtivos da região, como também o Vale do Paraíba e o sul de Minas Gerais, imprimiram suas culturas, saberes e práticas nos territórios que atravessavam. Esses homens e mulheres construíram caminhos, como a variante do Caminho Novo das Minas Gerais, ou Caminho do Inhomirim, que conectava o porto às minas gerais, enquanto resistiam à desumanização por meio de formas diversas de agência cultural.


Os caminhos que partiam do Porto da Estrela foram também percorridos por quilombolas e libertos em busca de refúgio e reorganização comunitária. A geografia do local, marcada por rios como o Inhomirim e o Caioaba, não apenas facilitava a mobilidade, mas também permitia a formação de redes de sociabilidade africana. Lugares de difícil acesso, como matas densas e os manguezais, eram estratégicos para a construção de quilombos e a preservação de tradições africanas, como o quilombo do Gabriel, que ficava localizado entre a foz do rio Inhomirim e o Iguaçu.


A presença de africanos no entorno do porto transformou a paisagem cultural da região. Essas manifestações se perpetuam até hoje, como vivenciado no quilombo de Bongaba, nas suas mais variadas formas, ainda que muitas vezes invisibilizadas pelo discurso oficial sobre o patrimônio histórico.


Ao olhar para o Porto da Estrela sob a ótica da diáspora africana, não estamos apenas recontando a história; estamos transformando-a em ferramenta de resistência, identidade e memória. Essa perspectiva reforça a importância de valorizar os caminhos trilhados por aqueles que, apesar das adversidades, resistiram e contribuíram para a formação cultural do território fluminense.


O levantamento histórico sobre o trânsito de escravizados através do porto da Estrela está presente na tese de doutorado, pela Universidade Federal Fluminense, do prof. Dr. Philippe Moreira, intitulada Os argonautas da Guanabara: liberdade, circularidade e a formação da economia costumeira no Rio de Janeiro escravista, séculos XVIII e XIX, e na pesquisa de mestrado de Carlito Lopes de Oliveira Junior, sob orientação do prof. Dr. Luiz Fernando Saraiva, pela mesma Universidade Federal Fluminense, com o título Repensando o município da Estrela: dinâmicas espaciais, políticas e econômicas no recôncavo da Guanabara no século XIX.



Rodrigo Carneiro - Babazinho - AxéNews

Pai Marcelo de Xangô

Pai Marcelo de Xangô, Dirigente Espiritual do Centro Espírita Pai Joaquim de Angola e Vovó Catarina da Bahia, em Santo Aleixo - Magé/RJ há 11 (onze) anos, e atual Presidente Estadual do Instituto Internacional Carta Magna da Umbanda – RJ, desde 09 de abril de 2022, entidade civil religiosa, pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, destinada aos estudos e a prática da doutrina da associação dos povos e comunidades afro-brasileira e matriz africana, e suas ramificações, baseados nos ensinamentos da Carta Magna de Umbanda, legitimando a Umbanda com entendimento interno, cultural e religioso. [+ informações de Pai Marcelo de Xangô]     


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|| Artigo de Opinião: Este é um artigo de opinião e não reflete, necessariamente, a linha editorial do AxéNews.

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