Por: Pai Ortiz Belo
12/03/2024 | 13:30
Vivemos um dos momentos mais interessantes dentro da Umbanda, a religião vem se expandindo, no Brasil e fora dele. Há muitos anos venho acompanhando como Portugal se despontou, vários terreiros de Umbanda se multiplicaram, assim foi na Espanha, Inglaterra, França, Itália e demais países europeus. Nos Estados Unidos, bem como no Canadá os terreiros estão abrindo suas portas para o atendimento fraterno, aqui na América do Sul o mesmo ocorre. Resguardado as proporções, os terreiros pelo mundo se expandem através também da internet, que de maneira descontrolada vem trazendo informações que são boas e também ruins. A questão de formação talvez seja a mais grade, já anunciado em texto anterior por minha autoria.
Este crescimento necessitamos de líderes, pessoas dotadas de conhecimento, vivência, com base histórica, com um mais velho como seu responsável. Médiuns e assistentes, são pessoas que necessitam de um norte, de irmãos que sejam referência dentro da religião e ai que a demanda fica desafiadora. Ser liderança dentro de um terreiro, gerenciar pessoas, mesmo para quem já tem experiência já é um desafio, para aqueles que não possuem vivência fica mais difícil. Mas entendo que se o irmão ou irmã chegou na posição de liderança é por que existe algo a mais, este algo está na espiritualidade, seus guias são diferenciados. Não significa que os guias são melhores, significa que sua coroa tem seres espirituais que possuem habilidades a mais em lidar com questões dentro da estrutura espiritual. Como dentro do meu rito, médiuns são preparados, assim vislumbro que todos estes que chegaram a esta posição também receberam preparos e cuidados diferenciados em relação a sua espiritualidade.
Tive a oportunidade de receber de minha mãe de santo e do meu avô de santo, preparos de fundamentos e direcionamentos que utilizo como maneira de condução de minhas tarefas, lógico adaptado a minha realidade. No decorrer de meus preparos uma coisa é bem diferente dos dias atuais, quando recebia um ensinamento, hoje classificado como “bronca”, acatava e ficava feliz, sabendo que a ação demostrava cuidado em relação a minha jornada. Vários foram os banhos de amací, recolhimentos em camarinha, vivências dentro dos trabalhos, que diferente de hoje eram três trabalho na semana, terça trabalho com Pai Bernardino, quinta desenvolvimento e no sábado atendimento aos consulentes. Este processo, para quem vivenciou, ou para quem vivencia, é um grande reforço espiritual, pois os ensinamentos de terreiro, a base pé no chão, acabam por acelerar processos.
Existem pessoas de todas as naturezas dentro do terreiro, os que são mais melindrados, os que entendem a importância de alguns pontos e os que não se adequam. Lógico que tudo demanda tempo, o tempo é senhor de todas as coisas, as vezes aquele médium que está ali e não se adapta, pode se adaptar em outro terreiro que dá mais liberdade. Lembrando que liberdade dentro do terreiro pode ser um grande problema, quando existem facilidades, existe formação que pode ser defeituosa. No universo de líderes religiosos existem também as variações de personalidade e de preparo, os que seguem firmemente o que receberam em sua raiz, os que não se ligam a isto e os que se formaram na miscelânea da internet. Seguir uma raiz creio que é uma das coisas mais difíceis dentro da Umbanda, por isto dentro da doutrina que carrego, poucos são os que conseguem me acompanhar. Existem aqueles que vão receber de você os fundamentos, porém, de cada vinte iniciados, se dois ou um seguir fielmente, parabéns! Estar largado no universo Umbandista, ou melhor, estar livre de olhos que por vezes vai te apontar se for necessário, creio que é mais cômodo. Estar dentro de uma doutrina e seguir seus preceitos, respeitando o que foi passado, sem invenções, sem trazer elementos que não compõe os fundamentos, não é para muitos, são para os verdadeiros. Por isto ser líder é primeiro saber ser liderado, entendendo que o que se faz é para eternidade dentro da espiritualidade, e não, apenas para saciar vontades, são fundamentos de força, que faz da religião forte!
O líder em vários momentos vai se sentir sozinho, em muitos trabalhos vai se sentir mal, normal para quem lida com vibrações e forças diversas, cabe a este dirigente, manter e ter seus fundamentos em ordem. Quando este não possui firmeza, não possui caráter de liderança, vai ser liderado por alguém que está próximo, que pode ser até um médium sem preparo algum. Caso que ocorre com pessoas que não estão ainda preparadas para ter trabalho, pode trabalhar, porém ser um líder, está longe.
Pai Ortiz Belo
Escritor umbandista e espiritualista. Dirigente espiritual do Templo Portais de Umbanda desde 1997. Nasceu em berço religioso de Umbanda, consagrado pai pequeno aos 19 anos e dirigente aos 26. Filho de pai Xangô e mãe Oxum, sempre procurou fazer pela religião desde jovem, participando de momentos valiosos para a Umbanda. [+ informações do Pai Ortiz Belo]
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