Por: Filipi Brasil
18/06/2023 | 19:35
A nossa amada Umbanda tem inúmeros fundamentos, que precisam estar na ponta da língua e serem explicados pelos adeptos da religião. Infelizmente, algumas pessoas julgam os espíritos que militam na seara umbandista como involuídos devido ao consumo do fumo e da bebida alcoólica, justificando estarem presos a viciações terrenas e mundanas.
No entanto, como diz a letra do ponto: “mas seu Ogum não precisa beber, mas seu Ogum não precisa fumar...”. Portanto, os guias de Umbanda utilizam destes elementos com fins magísticos, promovendo limpezas e descargas energéticas. Desta maneira, os guias usam do fumo como uma espécie de defumador, que tem a função de queimar as formas-pensamento, miasmas e larvas astrais que se alojam no campo energético dos assistidos, de modo a promover o restauro e o restabelecimento de energias salutares durante a aplicação do passe.
Assim, os guias espirituais ao manipularem o fumo, a bebida e outros elementos de trabalho, tornam-nos sagrados. Ao mesmo tempo, o uso de tais elementos é somado às energias e aos fluidos oriundos do médium e da própria entidade. Podem, portanto, promover curas, a melhoria e o bem-estar dos assistidos. Por exemplo: quem nunca viu um preto-velho lavar uma ferida com marafo, fumegar sobre o local com o seu pito e cruzar com um galhinho de ervas, e a pessoa sair curada do terreiro? Essa é a medicina ancestral umbandista.
Todavia, o uso de tais elementos magísticos e ritualísticos requer maturidade espiritual por parte do médium, demandando que este já tenha suas entidades firmadas. No entanto, infelizmente, o que mais se vê na atualidade é o uso desmedido álcool e do fumo, e algumas sessões que deveriam ser devotadas à caridade, por vezes, mais se assemelham a festas com direito a open bar.
Daí, evocamos a célebre frase do Caboclo Mirim: “Umbanda é coisa séria para gente séria”. Por isso, o trabalho espiritual requer disciplina, pois para tudo dentro do terreiro existe um porquê, uma razão de ser. Desta forma, cabe também destacar que os guias se adaptam facilmente à doutrina do terreiro, do contrário não conduziriam seus médiuns para se desenvolverem e serem tratados nessa casa.
A maior dificuldade de adaptação às normas são condizentes ao médium. Portanto, caso o medianeiro por algum problema de saúde não possa mais fazer ingestão do álcool ou do fumo, esse não servirá para prestar a caridade? Da mesma maneira, caso o médium ingresse numa casa que não use desses elementos ritualísticos, seus guias não se manifestarão mais?
Pelo contrário, os guias se adequam à realidade e às limitações onde estão inseridos: a ingestão do álcool, por exemplo, pode ser substituída pela presença da bebida numa firmeza. Também vale ressaltar que nem todos os guias espirituais fazem uso da bebida ou do fumo em suas manipulações magísticas.
Sendo assim, viva a pluralidade que sempre deve ser respeitada nas casas de Umbanda, jamais perdendo de vista os fundamentos, sua raiz e a real prática do amor e da caridade dos sagrados Orixás.
Filipi Brasil
Filipi Brasil é médium, escritor e estudioso da seara umbandista há mais de 25 anos. Sacerdote do Templo Espiritualista Aruanda, Filipi é também psicólogo, Mestre em Psicologia, especialista em Psicologia Transpessoal, além de ter MBA em Gestão pela Qualidade Total, em Educação Corporativa, e em Gestão de RH. Terapeuta Holístico, Filipi também tem formação em Coach, é consultor de RH e de Desenvolvimento Humano. Autor dos Livros Sob o Céu de Aruanda, Zé do Laço e Mariazinha, Filipi é também co-autor do livro As Cartas Ciganas e os Orixás.
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