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Obi e Esù - Por que Obi é jogado no chão

Por: Babá Sandro Osàlúfòn

Foto: Getty Images

08/11/2023 | 13:17


"Houve uma época, que Obi era um homem muito pobre.

Um dia, Èṣu o visitou em sua casa e viu como Obi morava em total penúria.


Èṣu se compadeceu do mesmo e lhe disse: Olha Obi, eu vou até Orunmila e vou pergunta-lo como eu posso lhe ajudar. Obi ficou todo contente e disse à Èṣu: Eu vou lhe agradecer pelo resto da vida, você vai ver.



Dito isto, Èṣu saiu. Dois dia depois, voltou com um ebó para Obi executar.

Obi fez o ebó e foi ficando rico com o tempo, mas nunca procurou Èṣu para agradecer.

Um dia, Èṣu foi até a casa de Obi e bateu palma. Obi abriu e foi logo dizendo: olhe aqui eu não quero nada.


O que você quer? Estou ocupado demais atendendo pessoas de grande importância.

Não tenho nada para você, não tenho tempo para atender você mendigo – Obi bateu a porta e entrou.


Èṣu ficou possuído de indignação e foi comunicar o ocorrido para Orunmila.

O que fez Orunmila? Vestiu-se com uma roupa bem suja e rasgada, depois foi até à casa de Obi.

Ao ver aquele homem maltrapilho e sujo na sua porta, Obi disse: Olhe, se você veio pedir esmola, eu não dou esmola. E você, sujo deste jeito e fedorento, como ousa bater em minha porta, sabendo que sou um homem rico?

Obi, em nome de Orunmila, me socorre aqui – disse Orunmila.


Obi respondeu: Orunmila que nada! Orunmila sou eu, que sou rico e não preciso de ninguém!

Então, Orunmila transformou-se em um lindo homem e disse: Não está me reconhecendo, Obi?

Obi arregalou os olhos de susto e se prostrou aos pés de Orunmila, gritando:

Oba mi, Oba mi!!! (meu rei, meu rei)”


Orunmila lhe disse: Por tua ingratidão, arrogância e orgulho, de hoje em diante não haverá sacrifício, nem oferendas aos Irunmole, em que você não seja incluso.

Tu serás partido em quatro partes, rolaras no chão e será colocado na cabeça do homem mais vil na terra.

Sem contar que, quando Èṣu comer, tu terás que fazer parte do banquete dele.


E ainda terás que responder se ele esta satisfeito ou não. Logo você veja, Obi, o orgulho não vale nada, a humildade, sim.


"A kì í fi pàtàkì bé èlùbó? ní bá níshu ló m'bé e èlùbó."


Tradução do proverbio de Ifá:


"Ninguém produz farinha de inhame só por ser importante; somente quem possui inhames pode fazer farinha de inhame."


Interpretação: A importância de uma pessoa não mata a sua fome.


Conhecemos muitas pessoas assim, como Obi, com esse comportamento arrogante, ingrato e soberbo.


Muitas pessoas, quando estão no olho do furacão, cheios de problemas ou sofrimentos, se mascaram de vitimas, pobre coitado, bonzinhos, humildes, carentes.


Mas logo que o momento de dificuldade desaparece, se tornam orgulhosas, pedantes e hostis, se mostram como verdadeiramente são.


Esses tipos, de pessoas, esquecem que quando elas abrem os olhos toda manha, é uma boa chance que Olodumare está lhe dando para fazer algo importante pelo próximo. Quando fazemos algo bom, verdadeiramente, para o próximo, estamos fazendo para nós mesmo.


Porém, a vaidade e orgulho impede de tal ato. “Lembre-se que Èṣu foi bom com Obi e, de uma forma ou outra, Èṣu se alimenta com Obi, até os dias de hoje”. O mais lastimável e irônico, é que essas mesmas pessoas gostam de ostentar as suas roupas, seus luxos e importância, para se apresentar no culto de Òrìsà, e não na verdadeira finalidade de cultuar os Òrìsà. Isso no mínimo é lamentável e triste.


Cada pessoa é capaz de fazer seu próprio caminho para alcançar o seu destino. De agora em diante, reflita mais sobre seus verdadeiros valores, conceitos e ações no seu cotidiano."




Babá Sandro Osàlúfòn - AxéNews

Babá Sandro Osàlúfòn

Sou Babá Sandro Osàlúfòn. Formação: Comissário Marítimo e estudande de Nutrição e Dietética. Iniciado no Candomblé na nação N'Angola por Dona Dulcinéia de Dandalunda ( in memória ), filha de Cláudio de Osossí ( in memória ) vulgo Cláudio veneno, filho de Dona Joana Tulemburá ( in memória ), filha do Sr. Ciriaco ( in memória ), migrei para a nação Ketu ( Axé Osumarê ) para casa do Sr. Marcos de Oyá ( in memória) filho do Sr. Paulo da Pavuna ( in memória) filho de mãe Theodora ( in memória), hoje eu pertenço a nação Efón, sou filho do Sr. Michel de Osossí em São Paulo, filho da mãe Maria de Sangô, Asé Pantanal em Duque de Caxias no Rio de Janeiro.


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