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Os espaços sagrados e sua importância dentro de um terreiro de Umbanda

Por: Alex D´Oxalá

Foto: Gabriel Castro

12/01/2023 | 18:03


Saravá fraterno a todos e todas!

Hoje trazemos um assunto muito interessante. Os espaços sagrados, os pontos de força,  os assentamentos e firmezas em um terreiro de Umbanda.


O terreiro pode aparentar uma edificação comum. Uma casa com quartos, um amplo salão, banheiros e áreas comuns de circulação e convivência de mediuns e assistidos.

Porém o espaço fisico de um terreiro é muito mais que isso.  Esse lugar abriga o nosso sagrado, o invisível, as forças que se comunicam conosco transformam aquele lugar numa célula viva em constante troca de energias.



Um hospital de almas, um local de repouso, um local onde podemos recarregar nossas baterias e também, higienizar nossa mente, nosso corpo e nossos corações recebendo o AXÉ (Energia Vital) que todos precisamos para essa experiência encarnada.


O espaço do terreiro reproduz as antigas aldeias indígenas, os quilombos, os templos e, principalmente, os reinos da natureza, pois em cada canto desse espaço poderemos sentir a presença das energias elementais naturais vibrando e estabelecendo essa conexão.


O terreiro através de seus pontos de força traz a força das águas de Oxum e Yemanjá,  o fogo de Xangô e Yansã,  a terra de Ogum, Omolu, Oxossi e Exu, e o ar de Oxalá para o terreiro, e converte essas energias na canalização e materialização necessária aos seres humanos que precisam de algo que nossos olhos possam adorar.


Ao entrarmos nos terreiros, já podemos sentir a força da gira, pois a célula em movimento não para e os ciclos de força se movimentam e se retroalimentam a partir do nosso culto e devoção.  À esquerda possivelmente encontraremos nos acessos da casa a energia de nossos mensageiros guardiões da falange de Exu.


- Mas porque Exu fica do lado de fora?


Exu não está do lado de fora. Exu está em tudo. Ele é a própria célula em movimento e quando o cultuamos nos acessos nas entradas nos referimos ao princípio, ao começo, as entradas, as mensagens, a defesa e a segurança necessária aos nossos trabalhos. Na Umbanda não despachamos Exu. Nós despachamos COM EXU e pedimos que corra aos quatro cantos do mundo levando nosso pedido de benção e autorização aos reinos da natureza e seus mensageiros, convidando - os para esta grande ciranda. Como um grande Imã o terreiro terá polaridades necessárias ao que buscamos atrair e repelir. A esquerda polariza o negativo e o feminino e ali depositamos que não queremos levar, pedindo a essas forças que nos limpem e descarreguem.


Poderemos observar em alguns terreiros imagens dos senhores da noite com velas representando a abertura dos portais que levam preces, oferendas e bebidas. Essas oferendas e as bebidas são manipuladas de forma elemental, de forma a ativar e retroalimentar esses pontos de força atraindo a energia do fogo (Aguardente/Fogo líquido) que transformam, limpam e purificam, e a energia da terra que nos descarregam e nos dão estrutura(Farofa/Terra).


A direita observaremos a polarização magnética positiva e masculina da onde estaremos recebendo as energias necessárias ao pleno restabelecimento do Axé vivo contido na energia das águas,  da mata e do ar.


Poderemos observar inúmeras imagens, vultos, totens representados por pedras, conchas e elementos aquáticos, e por influência do sincretismo e das nossas referências ancestrais observaremos santas católicas (ayabás) e índios (caboclos) representando as energias do reino vegetal. Oferendas com velas e bebidas também podem ser encontradas aos pés dessas entidades com frutas e água possibilitando, assim, a conexão necessária para manutenção dessas forças e a manifestação desses espiritos.


Ao centro encontraremos o grande ponto de força do terreiro, grande centro de energia pra onde todos os olhares se voltam. O Gongá/Altar de Umbanda e o local de convergência onde essas energias em constante movimento se encontram e dali emanam energia para todos os assistidos e Médiuns.


Nesse poderoso ponto de força encontraremos inúmeras imagens retratando nossa herança sincrética e ancestral com velas acesas, copos ou quartinhas com água, flores ativando simultaneamente os 4 elementos nos três reinos da natureza reconhecendo no gongá um ponto de reflexo e intensa vibração positiva. Médiuns, entidades e assistidos se curvam ou batem cabeça diante desse importante ponto de força que aglutina todas as energias da casa.


Cada casa terá seu arranjo arquitetônico, e, talvez, não reproduzam fielmente os detalhes citados no texto acima, porém, observamos que nada disso terá sentido se os nossos corpos e as energias emanadas por nós, que somos templos vivos da nossa espiritualidade, não estiverem devidamente limpos e purificados.


Como instrumentos musicais deveremos estar afinados e devidamente conduzidos dentro de uma grande orquestra que emitirá as vibrações positivas e necessárias a todos que buscam nossos espaços sagrados.



Alex d’Oxalá

Sacerdote da Fraternidade Umbandista Aldeia Caboclo Pena Branca

Coordenador do Movimento Umbanda Rio

Fundador da Escola de Médiuns

Omorişa Oxalufan

Filho de Paulo d’Ogun

Ilê Aşé Oluwa Min Ogum

Descendente do Asè Osumare


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