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Por que não incorporar em casa?

Por: Ademir Barbosa Junior

01/03/2023 | 19:22


A incorporação é um dos fenômenos mediúnicos, infelizmente supervalorizado em detrimento de outros, a tal ponto que, para muita gente, mediunidade é quase sinônimo de incorporação. Como em todas as outras práticas, é necessário, além do amor, estudo e disciplina, o que se consegue por meio de orientação segura, desenvolvimento e prática. Por isso não se incorpora em casa, à toa, e sim em espaços previamente preparados por meio de fundamentos (segurança) e firmezas (assepsias antes, durante e depois dos trabalhos mediúnicos).


Não se pretende com isso nenhuma espécie de reserva de mercado, pois sacerdotes e sacerdotisas de Umbanda são voluntários (as) em seus trabalhos, bem como os (as) demais médiuns. O terreiro é importante como espaço de resistência, cultura e identidade, mas também pelas adequações energéticas para médiuns, assistência, desencarnados, obsessores etc. É um pronto-socorro e, para funcionar bem, precisa de cuidados específicos, não apenas de boa vontade.


Dessa forma, as incorporações fortuitas, em toda parte, além de privilegiar a incorporação em si em detrimento de outros mecanismos de conexão com a Espiritualidade, como a prece, a intuição, a palavra amiga etc., expõem o (a) incorporante e os (as) demais a situações que vão de quedas e acidentes com velas a manifestações descontroladas de obsessores e quiumbas.


A mesma lógica de segurança e assepsia no terreiro vale para visitas a pontos de força, nas quais também há preparos antes, durante e depois, a fim de que as energias espirituais, individuais e do ambiente se harmonizem sempre para o bem e em respeito ao livre-arbítrio.


Em tempo: alguém pode objetar que muitos de nossos terreiros nascem em puxadinhos de fundo de quintal ou num dos cômodos de uma casa pequena. Não importa, pois esse puxadinho e esse cômodo (até meio cômodo, às vezes), independentemente do tamanho ou de estarem no mesmo terreno em que o sacerdote ou a sacerdotisa habitam, são terreiros, pois são preparados para isso. Tal objeção, feita com sinceridade ou certa malícia, nos leva a outro raciocínio: alguém faria uma cirurgia cardíaca num local sem segurança ou assepsia? Para manter o paralelismo do raciocínio, os primeiros socorros podem ser administrados em qualquer ambiente, pois são emergenciais, ocorrendo, então, os encaminhamentos para locais específicos, preparados para tal. Do ponto de vista espiritual, para os primeiros socorros, em qualquer ambiente, a incorporação não é necessária. E nem adequada.




Ademir Barbosa Junior - AxéNews

Ademir Barbosa Junior

Ademir Barbosa Júnior (Pai Dermes de Xangô) é dirigente da Tenda de Umbanda Caboclo Jiboia e Zé Pelintra das Almas (Piracicaba – SP), fundada em 23/4/2015. É Doutorando em Comunicação pela UNIP (Bolsa PROSUP/CAPES) e Mestre em Literatura Brasileira pela USP, onde se graduou em Letras. Pós-graduado em Ciências da Religião pelo Instituto Prominas, é professor e terapeuta holístico. [+ informações de Ademir Barbosa Junior]

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