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Projeto da Fundação Palmares lança três livros sobre a história de personalidades da cultura afro-brasileira

O evento aconteceu na última sexta-feira, dia 27


Foto: agência gov

30/09/2024 | 08:54


Abrindo o projeto 'Palmares canta, conta e dança', a Fundação Cultural Palmares (FBN), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), foi palco, nesta última sexta-feira, 27, do lançamento de três livros fundamentais para a cultura e história afro-brasileira. Dois deles abordam a vida de personalidades como Abdias Nascimento, um dos mais respeitados intelectuais do movimento negro e da Yalorixá Hilda Jitolu, uma das mais importantes líderes espirituais do candomblé.



"É um orgulho muito grande começar as atividades culturais deste espaço com a literatura. Muita gente pensa que ela não nos pertence, mas nós inventamos as letras, a escrita. Nossos antepassados usaram isso para comercializar, para canções de amor e, principalmente, para manter viva a memória daqueles que já não estão aqui. Hoje celebramos a força da nossa cultura, da nossa história, que resistiu e se fortaleceu ao longo do tempo. Este é só o início de uma nova fase para a Fundação Palmares, de celebração, alegria e conhecimento”, comemorou João Jorge Rodrigues, presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP).


O diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP, Nelson Mendes, destacou a importância desse projeto para a valorização das culturas negras.


"Hoje estamos inaugurando o projeto de ocupação deste espaço, denominado 'Palmares Canta, Conta e Dança', que valoriza expressões africanas originais. Queremos dar voz às histórias, tradições e valorizar expressões da população afrodescendente no Brasil”, disse.


Obras literárias

Entre os lançamentos estavam a segunda edição de Sitiado em Lagos: autodefesa de um negro acossado pelo racismo, de Abdias Nascimento. Além do texto original e do prefácio de dom José Maria Pires, a obra, revisada e ampliada, conta com a apresentação de Elisa Larkin Nascimento, que ressalta o legado de Abdias.


Representando Elisa, Dayse Gomis, ilustradora, artista plástica e colaboradora do Ipeafro, refletiu sobre a relevância da obra.


"O professor Abdias, diante das encruzilhadas que a vida lhe impôs, sempre soube encontrar saídas. Ele não aceitava opressões, cruzava caminhos e transformava os espaços que ocupava, deixando um legado inestimável para as gerações futuras."


Mãe da Liberdade: a trajetória da Ialorixá Hilda Jitolu, da jornalista e neta de Mãe Hilda, Valéria Lima, traz à tona a história de uma das maiores líderes espirituais do candomblé. A autora refletiu sobre sua missão de contar essa história e destaca a importância da trajetória de Mãe Hilda para a cultura e resistência afro-brasileira.


"Eu entendi que minha missão era contar a história de minha família, especialmente das mulheres. Mãe Hilda foi uma revolucionária, uma libertadora em vários sentidos. Ela não só fundou o primeiro bloco afro do Brasil, mas foi uma guia e protetora para a juventude negra do Curuzu. Sem ela, o Ilê Aiyê não existiria. Sua força e visão transformaram nosso território e nos deram a liberdade de sermos quem somos”, comentou a autora.


Fechando a trilogia, O Paradoxo Africano: entre riquezas e miséria, de Boaz Mavoungou, reflete sobre as contradições do continente africano e questiona o legado colonial.


"Eu sou africano de nascimento, mas muitos da minha geração são, na verdade, europeus de pele negra. Eles não entendem o valor de suas raízes, pois seus pais foram moldados por um sistema europeu que os afastou de sua própria cultura. Para mim, foi o contrário. Eu tive que buscar nas minhas raízes para encontrar meu caminho, e essa conexão me deu a sensação de pertencer. Hoje falo das minhas raízes. Somos todos descendentes de grandes rainhas e reis africanos, e é essa herança que precisamos valorizar”, concluiu.


A programação do evento contou com uma roda de conversa onde o público teve a oportunidade de interagir com os autores, além da sessão de autógrafos.


Fonte: agência gov

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