Tradição, diversidade, identidade e Inclusão - Roupas que contam histórias no candomble
- WR Express
- 22 de mar.
- 3 min de leitura
Por: Cibele Martins

✅ 22/03/2025 | 15:03
O Candomblé é uma religião afro-brasileira rica em tradições, cores e simbolismos. As vestimentas femininas desempenham um papel fundamental nesse contexto, não apenas como expressões de fé, mas também como manifestações culturais que refletem a identidade e a ancestralidade. As roupas usadas pelas mulheres no Candomblé são elaboradas com cuidado e reverência, muitas vezes confeccionadas em tecidos coloridos, adornadas com contas, rendas e outros elementos que representam os orixás, as divindades cultuadas.
As mulheres que participam das cerimônias do Candomblé geralmente usam saias longas, blusas soltas e turbantes, que variam conforme a nação do Candomblé à qual pertencem. Cada detalhe da vestimenta é carregado de significado, representando não apenas a devoção espiritual, mas também a conexão com suas raízes africanas. O uso dessas vestimentas é um ato de afirmação cultural e resistência frente à opressão histórica que as tradições afro-brasileiras enfrentaram.
Nos últimos anos, tem havido um crescente reconhecimento da importância da inclusão de mulheres trans dentro dos espaços do Candomblé. Essa inclusão é fundamental para garantir que a diversidade de identidades de gênero seja respeitada e celebrada. As mulheres trans trazem consigo suas próprias histórias e experiências, enriquecendo ainda mais o ambiente religioso e cultural.
A aceitação das mulheres trans no Candomblé desafia normas tradicionais de gênero e promove uma reflexão sobre a pluralidade dentro da espiritualidade. Muitas casas de Candomblé têm aberto suas portas para essas mulheres, reconhecendo que todos têm o direito de expressar sua fé de maneira autêntica. Esse movimento é essencial para criar um espaço mais acolhedor e inclusivo, onde todos possam se sentir representados.
A vestimenta das mulheres trans no Candomblé não só simboliza sua conexão com os orixás, mas também serve como uma importante forma de expressão da sua identidade de gênero. Para muitas delas, usar roupas que refletem seu verdadeiro eu é uma maneira poderosa de afirmar quem são e se conectar com suas raízes espirituais. Essa identificação com as roupas escolhidas pode proporcionar um senso de pertencimento e validação dentro da comunidade.
Assim como as mulheres cisgênero, as mulheres trans podem usar roupas que simbolizem sua conexão com os orixás e sua identidade pessoal. O importante é que cada indivíduo possa se sentir livre para expressar sua espiritualidade sem medo de discriminação ou preconceito.
Em suma, as vestimentas femininas no Candomblé são muito mais do que simples roupas; elas são uma forma de expressão cultural e religiosa. A inclusão de mulheres trans nesse contexto é um passo significativo em direção à diversidade e ao respeito por todas as identidades. O Candomblé se fortalece quando abraça todas as suas filhas, independentemente de gênero ou orientação sexual, promovendo um ambiente onde todos podem celebrar sua fé juntos.

Cibele Martins
Iniciei minha jornada no culto tradicional de candomblé para Oyá, pela nação do Efon, em 2014. Filha do respeitado líder religioso Babalorixa Sr. Michel de Odé e pertencente à hierarquia do Asé Egbe Efon Odé Bilori, localizado no distrito de Terra Preta – Mairiporã/SP. Asé reconhecido e interligado diretamente ao tradicional Ilé Ògún Anaweji Ìgbele Ni Oman, também conhecido como Àse Pantanal, localizado em Duque de Caxias-RJ, sob a diligência religiosa da sacerdotiza Sra. Iya Maria de Xango, a Matriarca da Nação de Efon. [+ informações de Cibele Martins]
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