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Salve Jorge!

Por: Átila Nunes

24/04/2023 | 19:23


23 de abril. O relógio marca 5h da manhã e o céu ainda escuro é iluminado por fogos de artifício. É o inicio da tradicional alvorada que marca as homenagens ao Santo Guerreiro. Em Quintino, bairro da Zona Norte do Rio, a Paróquia de São Jorge promove a maior festa dedicada ao santo. A maior celebração de toda a América Latina acontece aqui e reúne milhões de fiéis para pedir e agradecer as bênçãos alcançadas com a intercessão daquele que é um símbolo da luta do bem contra o mal.




Entre os cariocas, o Santo Guerreiro é tão querido que a data faz parte do calendário oficial do Rio de Janeiro. Desde 2008, 23 de abril é feriado no estado e a tradicional festa de São Jorge, realizada no Largo do Bodegão, em Santa Cruz, foi declarada Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Rio de Janeiro.


Da Inglaterra ele é padroeiro, além de ser festejado na Espanha, Portugal, Canadá, Lituânia, Rússia, Bulgária e em tantos outros países. Há quem diga que nas noites de lua cheia, ele surge montado em seu cavalo branco, com sua espada em punho enfrentando o temível dragão.


São Jorge já foi tema de música, samba-enredo, nome de novela e tem devotos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Alguém tem dúvidas de que estamos falando de um dos santos mais queridos pelos cariocas?


Nas religiões de matriz africana, não é diferente. Ogum é o orixá guerreiro. Aquele que está sempre a nossa frente, abrindo os nossos caminhos e nos livrando de todo o perigo. Ele é o soldado, o guardião, o patrono dos exércitos. Ele não abandona as suas causas e não foge do campo de batalha. Por isso, 23 de abril também é dia de festa nos terreiros, tendas, roças e ilês. Na Umbanda ele veste vermelho e no Candomblé azul. Certamente você já ouviu uma expressão que diz: onde estiver Ogum, estarão os olhos da lei. E alguém dúvida disso?


A associação ou o sincretismo entre São Jorge e Ogum nos leva a uma época em que os escravos, vindos especialmente da África, precisavam esconder a sua religião e seus cultos. Para que as suas tradições fossem mantidas vivas, faziam associações para “enganar” seus senhores.


Ao longo do tempo, as religiões de matriz africana ganharam sua própria identidade. Hoje, apesar de todo o preconceito ainda existente, não é preciso mais se esconder sob o viés de um santo católico para não ter sua fé apagada. Contudo, o sincretismo, tão necessário à época, ainda é mantido nos dias de hoje. Há quem aceite e há quem não.


De algo, não há que se ter dúvidas: São Jorge e Ogum têm muito em comum: inspiram-nos força, superação e vitória.


Salve Jorge! Ogunhê!





Átila Nunes - AxéNews

Átila Nunes

Carioca, 48 anos, casado, pai de dois filhos adolescentes, o vereador

Átila A. Nunes (PSB) é líder do governo na Câmara Municipal do Rio e está em seu terceiro mandato. Membro da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos de Matriz Africana, ele cresceu num lar de família umbandista. [+ informações de Átila Nunes]

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