Por: Jefferson Arouche
11/08/2024 | 08:34
Palavra de origem grega, o SINCRETISMO religioso (syn-keremi, misturar junto com) implica uma troca de influências, ou seja, aglutinação litúrgica entre duas religiosidades. O ponto de partida foi a diáspora e o primeiro TERREIRO levantado no Brasil pela nação (etnia) Ketu, o icônico Engenho Velho na Bahia. O Candomblé do Ketu foi o precursor de manutenção da identidade africana solidificada pelos ritos religiosos e trocas culturais. Esse detalhe histórico serve para afirmar que antes da colonização da África Tradicional não existia o conceito NAGÔ e também o “Candomblé”.
A nação Ketu- submissa aos iorubanos- , absorveu os detalhes litúrgicos das demais etnias, inclusive os FON do saudoso Reino Daomé da mítica serpente DAN, desdobrando a nomenclatura e assemelhando as divindades entre Orixás e Voduns. O interessante é que após a confluência dos dogmas tradicionais africanos, nasce a Umbanda, e com ela a suposição forçada de um SINCRETISMO - algo que não faz o mínimo sentido etimológico-, pois o catolicismo jamais incorporou qualquer culto de Matriz Africana, e os negros escravizados foram obrigados a fantasiar uma semelhança com os santos católicos sob a tentativa de subsistência identitária.
Aos moldes da modernidade religiosa e persistência do negacionismo sobre o RACISMO entranhado na cultura brasileira, várias fábulas são criadas em desfavor das raízes africanas, alimentadas por diversas lideranças Afro-brasileiras, infelizmente enfraquecendo o verdadeiro sentido de pertencimento aos significados ancestrais. Nossas raizes são NEGRAS e nunca existiu sincretismo religioso com dogma cristão (respeitando os mesmos), somente nas imensas conexões entre Nagôs, Bantos e Umbandistas.
Um barco remando contra a maré…
Jefferson Arouche
Jefferson Arouche é graduado em Segurança Pública, Doutor H.C Febraica/OCB, Líder Cidades RenovaBR, e Coordenador Intra e Inter-religioso do Afro-Movimente. [+ informações de Jefferson Arouche]
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