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Yorubanização da religiosaidade afro-brasileira ou yorubanalização?

Por: Fernandez Portugal Filho

26/12/2022 | 09:39


Neste pequeno espaço que temos, me permito fazer algumas considerações sobre o atual momento dos Cultos de Origem Yorùbá no Brasil.


No Rio de Janeiro em meados dos anos de 1970, aportaram muitos africanos de origem yorùbá que com certeza ajudaram, sem que o soubessem, a trazer novos costumes, rituais, incremento e intensa busca por saberes yorùbá, totalmente desconhecidos por nós no Brasil.


Trouxeram também em suas bagagens muitas roupas típicas utilizadas no dia a dia dos yorùbá.


Aqui entre os adeptos elas tiveram muita aceitação até se transformarem nas chamadas "roupas de santo" utilizada em muitos Candomblés nos anos de 1970, 1980 e princípios dos anos 1990 eram escassos estes vestuários, ora trazidos por alguns nigerianos, ora trazidos pela Yalorisa Omidarewa (Gisele Cossard Binon) através do Ogã Arnaldo que vendia para algumas casas de artigos religiosos no Mercadão de Madureira.


Com o passar dos anos mesmo muitos Candomblés mais ortodoxos passaram a usar os trajes africanos em quantidade.


Homens e mulheres que não tinham nenhuma simpatia pelos Cultos de Origem yorùbá passaram a usá-las, não só no Candomblé mas também em alguns terreiros de Umbanda.


Um abadá (traje completo masculino) que em 1997 custava em torno de R$ 900,00, hoje pode ser adquirido por menos da metade deste valor, haja vista a quantidade de lojas em São Paulo e no Rio de Janeiro que compram no atacado.


Com tudo, isso cresceu entre os candomblecistas, a síndrome da Monarquia que em profunda ilusão gastam o que podem e o que não podem para aparecer com belos trajes.


Muitos deles vivem "montados(as)", já perderam sua identidade civil e para se mostrarem importantes usam todos os artifícios disponíveis para tal, buscando a todo custo um protagonismo que não possuem.


Feliz são os comerciantes que ganham fortunas com a banalização do Culto.



Átila Nunes - AxéNews

Babalawô Fernandez Portugal Filho

Fernandez Portugal Filho é jornalista, antropólogo e babalawo.

Autor de 22 livros publicados, 19 apostilas, ministra cursos de cunho religioso afro-brasileiro e tradicional religião yorúbà".


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